Em nome do STF, ministros dizem não a acordão com Bolsonaro

Bolsonaro disse que não quis peitar o Supremo Tribunal Federal ao conceder perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado a 8 anos e 9 meses de prisão em regime fechado e à perda do mandato. Só quis atuar “como moderador”.

O grupo de parlamentares que compareceu ao ato promovido por Bolsonaro no Palácio do Planalto em defesa do que ele chama de liberdade de expressão foi muito menor do que o esperado. Os ministros da área política do governo não deram as caras por lá.

Nenhuma entidade de classe parabenizou Bolsonaro por ter desafiado a mais alta Corte de Justiça do país. Afinal, não valeria a pena fazê-lo, nem por Bolsonaro, muito menos por um patife como Silveira, mais de 60 vezes punido à época de policial militar.

Para aumentar a ressaca de Bolsonaro, e pôr fim às especulações de que o Supremo, assustado, estaria a ponto de recuar, em um único dia, três ministros foram à forra e repetiram tudo o que o país deveria guardar na memória.

Justamente tudo o que Bolsonaro, e os chefes militares que o cortejam, não gostam de ouvir. A saber:

“Quem está interessado na democracia não difunde informação falsa, não incita violência, não incita desobediência contra o resultado do escrutínio popular”. (Edson Fachin)

“São duas as finalidades da desinformação. Uma é a tomada de poder não democrática, autoritária. A outra, ganhar dinheiro. Pessoas estão enriquecendo com isso”. (Alexandre de Moraes)

“Para sugestões, a Justiça Eleitoral está inteiramente à disposição, para intervenção, jamais”. (Edson Fachin)

“A democracia é um ambiente plural. Tem lugar para progressistas, conservadores e liberais. Só não tem espaço para quem quer destruí-la”. (Luís Roberto Barroso)

“Não há Poder Moderador na Justiça Eleitoral e cabe somente a ela, como determina a Constituição, a tarefa de caucionar o processo estruturante da governação política”. (Edson Fachin)

“Não vai arquivar inquérito de fake news. Estamos chegando aos financiadores. As pessoas não entendem que a investigação tem o seu momento público e tem o seu momento sigiloso, que no mais das vezes é o mais importante”. (Alexandre de Moraes)

O inquérito das fake news assombra Bolsonaro. Ele teme, e com razão, que seu filho Carlos, o Zero Dois, acabe preso. Carlos sabe o que fez. Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro pensa em abrigá-lo no Palácio da Alvorada. Na dúvida, seria recomendável.

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