“Não estamos sós aqui, trazemos a força dos nossos ancestrais”, diz cacique na Aleac

Com o canto da Onça, que traz a cura, Joaquim Yawanawá, cacique da aldeia Mutum, no Acre, abriu sua fala na audiência pública realizada nesta quarta-feira (14), na Assembleia Legislativa.

Com requerimento do deputado Edvaldo Magalhães (PCdoB), representantes de diversas etnias foram recebidos pelos parlamentares para tratar de demandas dos povos originários que estão acampados em frente a Casa Legislativa pelo movimento Acampamento Terra Livre, que teve início na segunda-feira (11) e se encerra nesta quinta (14).

Foto: Jardy Lopes

A pauta dos povos indígenas no acampamento é contra a votação do Projeto de Lei 191/2020, que abre as terras indígenas para a mineração, exploração de hidrocarbonetos, como petróleo, e a geração de energia elétrica nestes territórios. Eles protestam também contra o Marco Temporal, que esta em julgamento no Superior Tribunal Federal (STF).

Além disso, aqui no Acre, os indígenas também trazem outras demandas como a situação da saúde e educação, uma das maiores problemáticas nas aldeias.

“A Saúde indígena precisa ser debatida. A educação também, as condições das escolas precisam ser vistas. Esse acampamento está aqui porque as coisas precisam melhorar aqui no nosso estado e sobretudo em nosso país”, disse o vereador Décio Hunikuin, de Feijó.

O cacique Joaquim, pediu que o poder público olhe pelos povos indígenas, de forma a direcionar ações que sejam eficazes para a sobrevivência. Um exemplo dado pelo Cacique é o fomento do etnoturismo, que hoje atrai turistas brasileiros e estrangeiros, mas não tem incentivo.

“A gente vive num estado que é bonito por natureza com muitas nações indígenas que vivem aqui. Infelizmente temos recebido muito mais apoio internacional. O mundo lá fora de preocupa muito mais com os povos originários do que os da nossa casa.Muitas necessidades poderiam ser resolvidas por recursos gerados por nossas terras. O crédito de carbono rende por quem não desmata. Mas infelizmente não está beneficiando ninguém por falta de quarto técnico preparado para lidar com essa questão. Educação, projetos sociais, ações de saúde poderiam ser beneficiados com isso”, pontuou.

Isaac Piyako, disse que o sentimento dos povos indígenas é que não são vistos. “Aldeias a política é necessário, em outros tempos em queríamos tratar de política, mas hoje sabemos que é necessário. Precisamos ocupar espaços e cargo, pois a não presença nossa, nos traz os riscos de perdermos todas as conquistas. O governo federal não está preocupado conosco”, diz.

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