Enfrentando cheia severa pelo segundo ano consecutivo, os moradores e comerciantes de Manaus já sentem na rotina os impactos da subida do Rio Negro. No Centro da capital, as águas já começam a invadir lojas e residências.
Nessa sexta (20), a cota do rio chegou a 29,32 metros, quase um metro a mais do que a cota registrada há um mês, segundo dados do Porto de Manaus. Desde o dia 7 de maio, o nível da água ultrapassou a cota de inundação severa, que é de 29 metros.
De acordo com o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), é justamente quando as águas atingem essa marca que os bairros da capital começam a ficar alagados.
Clientes driblam água, na rua dos Barés. — Foto: g1 AM
A rua dos Barés, no Centro de Manaus, foi a primeira via a ficar inundada por conta da enchente. Para os comerciantes e consumidores, andar em passarelas de madeira é a única alternativa para transitar pela região.
Ao g1, a comerciante Maria Alcides diz que apesar de já estar habituada com a subida das águas, o fenômeno segue afetando a sua rotina, e até a sua renda.
“É muito ruim o que a gente passa aqui com essas enchentes. Além do mal cheiro, isso prejudica muito as nossas vendas, primeiro porque as pessoas não gostam de fazer compras em uma área alagada, e segundo que ninguém que comprar legumes em um local onde o cheiro é horrível”, contou Maria.
Na rua Frei José dos Inocentes, localizado a poucos metros do 9º Distrito Naval da Marinha, a água já bate à porta de dezenas de residências.
Água invade residências na rua rua Frei José dos Inocente, em Manaus. — Foto: g1 AM
“Muitas casas estão vazias, as pessoas começam a tirar tudo e buscam um novo lugar para ficar. Só fica quem realmente não tem para onde ir.”, relata Mateus Silva, morador da região.
No local, pontes de madeira também já começaram a ser construídas para viabilizar a passagem de pedestres na via.
Pontes de madeira já começaram a ser construídas por agentes da Prefeitura de Manaus para ajudar na locomoção de pessoas. — Foto: William Duarte/Rede Amazônica
Cheia histórica
Se o Rio Negro mantiver uma média de subida de 2 centímetros por dia, a enchente de 2022 pode ficar entre as quatro maiores da história. A maior cheia registrada no Amazonas foi a de 2021, quando o rio Negro atingiu a cota de 30,02 metros em 16 de junho.
Interior do estado
O número de municípios em situação de emergência devido a cheia dos rios no Amazonas chegou a 35, nessa sexta-feira (20), conforme dados da Defesa Civil. Outros 23 municípios estão em estado de alerta.
A situação de emergência é a classificação considerada de maior risco para a população, segundo a Defesa Civil do Estado.
De maneira geral, o acompanhamento, que é feito diariamente, tem três classificações: a de atenção, alerta e emergência.
Mais de 320 mil afetados em todo o Amazonas
O Sistema Integrado de Informações sobre Desastres, do qual a Defesa Civil faz parte, aponta que 320.222 pessoas e 80.056 famílias estão sendo afetadas pela cheia.