Luiz Fernando Januário de Campos, 33 anos, relatou em entrevista como matou a própria mãe, a técnica de enfermagem Eracy de Campos, de 71 anos. O crime aconteceu no dia 13 de maio, mas só foi descoberto no dia 26. Durante esses treze dias, o assassino conviveu com o corpo em decomposição da mulher. “Uma hora a casa ia cair. Eu tentei jogar um ‘Bom Ar’ ali”.
“Quando eu cheguei em casa ela já percebeu meu olhar, o jeito como eu estava. Ela falou assim: ‘Fernando vai deitar, vai tomar um banho, amanhã cedo você tem que trabalhar’. Nessa hora que ela falou assim, deu um branco em mim que de repente, do nada, já fui em cima dela”, contou.
Segundo seu relato, feito em entrevista à TV Cidade Verde, ele teria esganado e depois asfixiado a idosa com um travesseiro. Quando ela morreu, apenas “jogou” sobre ela dois lençóis.
“Ela estava no quarto, de pé. Eu cheguei e coloquei minhas duas mãos no pescoço dela. Aí quando ela caiu eu coloquei o travesseiro em cima, asfixiando. Aí quando ela parou de tremer, ela caiu com as pernas para fora da cama”, contou o assassino confesso.
Ele relatou, ainda, que somente no dia seguinte, quando passou o efeito da droga, é que teve consciência do que realmente havia acontecido. Luiz Fernando admitiu ainda que é usuário de pasta base de cocaína e que, pelos dias em que a mãe esteva morta no quarto, continuou a usar a droga no apartamento em que viviam em Várzea Grande.
“No outro dia de manhã, quando acabou o efeito da droga, quando acabou tudo, aí que eu percebi a besteira que eu fiz. Eu nunca pensei que ia fazer uma coisa dessas com ela.”
Luiz Fernando explicou que, enquanto o corpo entrava em decomposição, levou o colchão para a sala e passou a dormir ali. O homem conviveu normalmente com o corpo da mãe. Às vezes, borrifava aromatizante no apartamento para disfarçar o mal cheiro. Segundo ele, sempre ia ver o corpo da mãe e pedir perdão pelo que tinha feito.
Quem encontrou o corpo de sua mãe foi o zelador do prédio. Segundo o relato, o profissional tinha sido levado junto com uma faxineira pela síndica, depois de muitas reclamações dos vizinhos por conta do forte odor do corpo em decomposição. Depois disso, conta Luiz Fernando, ele teria saído do local.
Luiz Fernando foi adotado por Eracy ainda pequeno, após ser abandonado pela mãe biológica no Hospital Geral, onde ela trabalhava e conseguiu autorização para registrá-lo.
“Se eu pudesse, voltava atrás e fazia tudo diferente. Eu ouvia os conselhos dela, tudo o que ela falasse para mim eu obedecia. Eu obedecia”, afirmou.
O CASO
A Polícia Militar foi acionada pelo condomínio na quinta-feira (26), após vizinhos sentirem mau cheiro vindo do apartamento onde Eracy morava com o filho em VG. Os policiais tiveram que arrombar a porta e encontraram o corpo da idosa deitado numa cama, já em avançado estado de decomposição.
Segundo a Polícia Civil, o local estava revirado, com roupas, pratos e alimentos espalhados, além de indícios de uso de drogas.
Na noite do mesmo dia, Luiz Fernando se apresentou na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), foi interrogado e confessou que matou Eracy no dia 13 de maio, após uma discussão.
Apesar de ter confessado o crime, o assassino foi liberado em seguida, porque ainda não havia mandado de prisão contra ele.
Eracy foi servidora pública da Prefeitura de Cuiabá por quase quarenta anos, tendo atuado no Pronto Socorro da capital. Ela havia se aposentado em outubro do ano passado.