Depois de assassinar o pai e a madrasta com golpes de machado e faca, Júlio César de Almeida, de 44 anos, foi até uma “boca de fumo” em Dourados (MS) – cidade a 211 quilômetros de Campo Grande – e negociou o carro da família por R$ 250 em crack. O homem confessou matar Elaine Chiapetti e João Antônio de Almeida, que foram encontrados sem vida na manhã de domingo (12).
De acordo com o delegado Erasmo Cubas, o assassino afirmou que cometeu o crime porque “sentiu vontade de matar” enquanto estava drogado. Júlio César contou à polícia ter dado um golpe de machado no pai, que causou a perfuração no pescoço e em seguida foi ao quarto onde estava a madrasta, Elaine Chiapetti.
Longa ficha criminal
Júlio César já foi preso por furto e roubo e estava evadido do semiaberto. Ele estava apenas há duas semanas na casa do pai, que morava com Elaine e o filho dela, ainda adolescente. Na noite de sábado, 11 de junho, o menino foi dormir na casa da namorada e quando voltou, na manhã de domingo, encontrou a mãe e o padrasto mortos.
O adolescente chamou a polícia e contou sobre o enteado da mãe. Revelou que ele estava na casa há alguns dias e que ele não tinha uma boa convivência com Elaine. A polícia começou a investigação e apesar de não encontrar nenhum sinal de arrombamento, percebeu que o carro da família não estava em casa.
Foi graças ao carro, aliás, que Júlio foi parado. Guardas municipais viram o homem ao lado do veículo, em “atitude suspeita” e o abordaram. Descobriram que ele estava foragido e o levaram de volta ao presídio. Ele já estava na unidade prisional quando a Polícia Civil entrou em contato com a guarnição responsável pela prisão e avisou que o suspeito era também o autor de dois homicídios.
Não demonstrou arrependimento
Júlio foi levado então para a delegacia e em depoimento confessou o crime. O homem falou que estava arrependido de matar o pai, mas que a madrasta “não significava nada para ele”. Ao delegado, Júlio detalhou que morava no quarto dos fundos da casa e horas antes do crime fez uso de crack.
O homem alegou que ainda estava sob efeito da droga quando “veio na sua cabeça a vontade de matar o pai e a madrasta”. Momento em que pegou o machadinho que estava no quintal e uma faca, entrou na casa da família e encontrou o pai no sofá. Matou ele com golpes na cabeça e no pescoço. Depois, matou a madrasta no quarto.
Segundo a polícia, João Antônio foi morto com um golpe de machado na cabeça, mas também foi esfaqueado seis vezes no pescoço. A mulher, que estava na cama, tinha três perfurações perto da orelha e lesões de defesa nas mãos.
Para a polícia, Júlio falou ainda que as vítimas estavam acordadas, mas nenhuma delas reagiu e gritou por socorro.
Vendeu carro da família
Júlio César relatou, em depoimento, que momentos após o crime procurou dinheiro pela casa e encontrou R$ 40. Então pegou o carro do pai, foi até uma “foca de fumo” da cidade, usou o dinheiro para comprar droga e quando acabou, trocou o veículo por mais.
Júlio negociou o carro por R$ 200 em pedras da droga e também quitou uma dívida de R$ 50 com o traficante. Além disso, combinou de pegar parte do dinheiro depois que o Logan fosse vendido no Paraguai pelo dono da boca de fumo, um homem que supostamente seria integrante de uma facção criminosa nascida em São Paulo.
No depoimento, apesar de relatar com detalhes o crime brutal, Júlio afirmou que passou por um “surto, um momento de bobeira”. Preso em flagrante, ele deve passar por audiência de custódia ainda nesta segunda-feira (13). Apesar disso, ele ainda já está preso por ordem judicial nos processos por furto e roubo.