Discurso nos EUA: Bolsonaro diz que governo faz ‘busca incansável’ por desaparecidos na Amazônia

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira (10), em Los Angeles (EUA), durante a IX Cúpula das Américas, que o governo brasileiro faz “busca incansável” pelo jornalista britânico Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira, desaparecidos desde domingo (5) na Amazônia.

O governo brasileiro tem sido alvo de pressão internacional por mais empenho nas buscas por Phillips e Pereira.

Mais cedo nesta sexta, o Alto Comissário da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos pediu ao governo brasileiro que “redobre” os recursos e esforços disponibilizados nas operações de busca.

A porta-voz da agência da ONU, Ravina Shamdasani, criticou a demora do governo brasileiro para iniciar as buscas.

“Desde o último domingo, quando tivemos informação que dois cidadãos – um britânico, Dom Phillips, e um brasileiro, Bruno Araújo – desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, naquele mesmo domingo, nossas Forças Armadas e a Polícia Federal têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, disse Bolsonaro.

Na quinta (9), manifestações ocorreram em Londres, no Reino Unido, e em Los Angeles, nos Estados Unidos, para cobrar respostas do governo brasileiro sobre o desaparecimento do jornalista e do indigenista.

No início da tarde desta sexta, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou o governo usar “todos os meios e forças cabíveis” para encontrar os desaparecidos e cobrou em cinco dias um relatório com as ações adotadas.

Ele tomou a decisão ao analisar ação movida pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).

O caso

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal “The Guardian”, e o indigenista Bruno Araújo Pereira, da Fundação Nacional do Índio (Funai), desapareceram no Vale do Javari, na Amazônia, quando faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.

O indigenista e o jornalista foram vistos pela última vez por volta das 6h de domingo (5). De lá, eles partiram para Atalaia do Norte, uma viagem que dura aproximadamente duas horas, mas não chegaram ao destino.

Segundo o “The Guardian”, jornal para o qual Dom Phillips presta serviço, ele “está trabalhando num livro sobre o meio ambiente com apoio da Alicia Patterson Foundation”.

Bruno Araújo Pereira foi Coordenador Regional da Funai em Atalaia do Norte por muitos anos. Ele é um dos servidores da Funai com mais conhecimento sobre indígenas isolados e de recente contato. Atualmente, estava licenciado da fundação.

Segundo informações da indígenas, Pereira recebia constantes ameaças de madeireiros, garimpeiros e pescadores.

A Polícia Federal deteve um homem, Amarildo da Costa de Oliveira, por suposto envolvimento no desaparecimento do jornalista e do indigenista.

No domingo (5), Oliveira foi visto por ribeirinhos passando no rio logo atrás da embarcação dos dois, no trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte.

Vestígios de sangue foram encontrados nesta quinta-feira (9) na lancha usada por ele.

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