Um pescador local capturou a maior arraia de água doce do mundo no Camboja, anunciaram cientistas do país e dos Estados Unidos nesta segunda-feira (20).
O feito foi anunciado pelo “Wonders of the Mekong”, um projeto de pesquisa que une cientistas americanos e cambojanos. Segundo o grupo, o recorde anterior de tamanho para um peixe de água doce era de um peixe-gato gigante, também do Mekong, de 293 kg, descoberto na Tailândia em 2005.
O pescador que fisgou a arraia alertou o grupo – que já havia divulgado seu trabalho para as comunidades ao longo do rio – sobre a captura. Ele recebeu uma recompensa de US$ 600 (cerca de R$ 3,1 mil, equivalente a três salários mínimos mensais no Camboja).
Os cientistas chegaram ao local do achado poucas horas depois de receberem uma ligação, após a meia-noite, com as notícias – e ficaram surpresos com o que viram.
A equipe inseriu um dispositivo de marcação perto da cauda da arraia antes de soltá-la de volta. O dispositivo enviará informações de rastreamento do peixe pelo próximo ano, fornecendo dados sobre o comportamento de arraias gigantes no Camboja.
Os moradores apelidaram a arraia de “Boramy”, ou “lua cheia”, por causa de seu formato redondo e porque a lua estava no horizonte quando ela foi novamente solta, no dia 14.
Mais que um recorde
Segundo Hogan, a captura da arraia não significa apenas um novo recorde. O pesquisador trabalha na Universidade de Nevada em Reno, no oeste dos Estados Unidos, que atua em parceria com a Administração de Pesca do Camboja e a USAID, a agência de desenvolvimento internacional do governo dos EUA..
O rio Mekong atravessa a China, Mianmar, Laos, Tailândia, Camboja e Vietnã. É o lar de várias espécies de peixes gigantes de água doce, mas as pressões ambientais sobre o rio vêm aumentando – os cientistas temem, em especial, que um grande programa de construção de barragens nos últimos anos possa estar prejudicando seriamente as áreas de desova.
“Muitos desses grandes peixes são migratórios, então precisam de grandes áreas para sobreviver. Eles são impactados por coisas como fragmentação de habitat por barragens, e [são] obviamente impactados pela pesca excessiva”, lembrou o pesquisador.
Peixes de água doce são aqueles que passam a vida inteira em água doce, ao contrário de espécies marinhas gigantes – como o atum rabilho e o espadim, ou peixes que migram entre água doce e salgada, como o esturjão beluga.
Os pesquisadores dizem que é a quarta arraia gigante relatada na mesma área nos últimos dois meses, todas elas fêmeas. Eles acham que a região pode ser um local importante de desova para a espécie.
“Ela é encontrada em todo o sudeste da Ásia, mas quase não temos informações sobre ela. Não conhecemos sua história de vida. Não sabemos sobre sua ecologia, sobre seus padrões de migração”, concluiu.