O pescador Amarildo da Costa Oliveira, conhecido como “Pelado“, de 41 anos, é a única pessoa investigada por suspeita de envolvimento nos desaparecimentos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips. O g1 fez um levantamento das informações sobre o suspeito.
Bruno e Dom seguem desaparecidos. Os dois foram vistos pela última vez no dia 5 de junho, domingo da semana que passou, na Terra Indígena Vale do Javari, dentro do território que pertence à cidade de Atalaia do Norte, no Amazonas
As equipe de buscas encontraram pertences dos dois. Nesta segunda-feira (13), a mulher do jornalista britânico, Alessandra Sampaio, disse que os corpos dele e do indigenista foram encontrados. Mas, as autoridades que atuam nas buscas, lideradas pela Polícia Federal (PF), não confirmam a informação.
Amarildo está preso por outro motivo
Natural de Atalaia do Norte, Amarildo é pescador. É casado. A polícia ainda não divulgou se ele tem filhos. De acordo com a Polícia Civil, ele mora em São Gabriel, comunidade que pertence à área rural de Atalaia do Norte.
Ele é o único suspeito de envolvimento nos sumiços, e está preso desde o dia 7, terça-feira da semana passada. Em depoimento à Polícia Civil do Amazonas (PC-AM), ele negou envolvimento no caso.
A polícia chegou ao nome de Amarildo logo no início das investigações. Testemunhas ouvidas pelas autoridades policiais disseram que viram o suspeito ameaçando Bruno Pereira. Uma testemunha também afirmou que Amarildo foi visto em uma lancha, navegando logo atrás da embarcação de Bruno e Dom.
Durante as buscas na casa do suspeito, a Polícia Militar do Amazonas (PM-AM) encontrou uma porção de droga, além de munição de uso restrito das Forças Armadas. Por esse motivo, ele foi preso. Amarildo mora na Comunidade São Gabriel. Dom e Bruno estiveram no local no dia do desaparecimento. Antes, eles passaram pela Comunidade São Rafael, que fica acima.
A dupla foi vista pela última vez na Comunidade Cachoeira, onde testemunhas viram Amarildo em uma lancha, atrás da embarcação em que estavam o indigenista e o jornalista.
Na noite da quinta-feira (9), a justiça decretou a prisão temporária de Amarildo por 30 dias.
A lancha dele foi apreendida no mesmo da prisão. Dias depois, a Polícia encontrou sangue na embarcação. Mas, ainda não há confirmação de que o material seja humano.
Histórico de ameaças
As investigações e informações divulgadas até o momento indicam que “Pelado” coleciona um histórico de ameaças contra Bruno Pereira e lideranças indígenas do Vale do Javari.
Em um documento obtido pelo g1 no domingo (12), a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) denunciou que Amarildo estava com um grupo de quatro ou cinco pessoas pescando no interior do Vale do Javari, próximo a aldeia Korubo, no dia 3 de abril.
Segundo o documento, “eles estariam de canoa pequena, no lago do Bananeira, na margem direita do rio Ituí, pescando peixe liso e pirarucu”. Dollis cita ainda que ‘Pelado’ é apontado como um dos autores de diversos atentados com arma de fogo contra a Base de Proteção da Funai entre 2018 e 2019 no Vale do Javari.
Um amigo de Bruno Pereira, que preferiu não se identificar, afirmou, na sexta-feira (10) , que o indigenista foi ameaçado por Amarildo um dia antes de desaparecer com o jornalista inglês Dom Phillips, no domingo (5). O indigenista e o jornalista foram vistos pela última vez após realizarem uma visita a uma comunidade próxima à Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas.
Bruno chegou a tirar foto dos três, mas o material também está desaparecido. A testemunha ainda conta que, em janeiro, “Pelado” teria atirado contra eles.
Já durante as investigações sobre o desaparecimento de Bruno e Dom, testemunhas informaram à polícia que o viram navegando atrás da embarcação onde estavam Bruno e Phillips no dia em que desapareceram. Além disso, a perícia detectou a presença de sangue na lancha do suspeito. A família diz que ele é inocente e foi torturado.