Ao ContilNet, Rodrigo Aiache conta sua trajetória até se tornar presidente da OAB Acre

Como foi a sua trajetória na advocacia até se tornar presidente da OAB Acre?

Por minha mãe ser advogada, desde cedo me vi entre livros e processos.Lembro-me que, ainda criança, certa vez estava folheando um dos volumes dos Comentários à Constituição de Jose Cretella Junior e ela disse pra tomar cuidado, pois o livro era instrumento de trabalho dela.

Essa relação com minha mãe acabou me aproximando do direito, faculdade que eu quis cursar desde sempre.

Tive a alegria de cursar direito da Universidade Federal do Estado do Acre, onde me formei em 2005, ano em que ingressei nos quadros da Ordem, exercendo a advocacia de maneira ininterrupta desde então.

Mas me vi como um eterno acadêmico e a vontade de permanecer na academia sempre foi algo que primei muito. Assim, ingressei logo que me formei em cursos de pós graduação, tendo concluído o mestrado em 2007.

E tudo isso me impulsionou a prosseguir em uma advocacia voltada ao campo empresarial, área na qual atuo com predominância.

Mas mesmo com tantas atividades sempre busquei me aproximar da OAB e colaborar com a nossa seccional e o fortalecimento da profissão.

Ingressei na OAB Acre em 2007 a convite do meu grande amigo Albefaro e desde lá passei por vários cargos (diretor adjunto da ESA, diretor geral da ESA, vice-presidente da Caixa de Assistência e presidente da Caixa de Assistência). E hoje me sinto honrado por ter sido escolhido como representante da advocacia acreana.

Finalmente, aproveito a oportunidade para reiterar meu compromisso de defender a causa da advocacia de maneira intransigente durante o próximo triênio.

2- Quais são os valores e missão que você defenderá na atual gestão?

Nos propomos a fazer uma gestão participativa, inclusiva e transparente e é exatamente assim que queremos trabalhar nos próximos três anos. Começamos janeiro focando na profissionalização dos processos internos e queremos dar um salto na gestão de uma década em nosso triênio, de modo a ampliar e aperfeiçoar os serviços e a assistência à advocacia.Teremos um triênio de muito trabalho em prol da advocacia, onde queremos atuar de forma efetiva na proteção das prerrogativas, na garantia de direitos, na capacitação e, principalmente, na busca pela abertura de novas oportunidades.

3- Quais são seus principais projetos para a OAB Acre?

Nós fizemos um robusto plano de gestão e governança cujos pilares são inclusão, acolhimento e transparência e que conta com mais de cem proposições, as quais contemplam a advocacia como um todo.

Digo que contempla a advocacia como um todo, pois esse plano foi construído a muitas mãos e ouvindo os clamores dos advogados e advogadas de nosso Estado.

Assim, diria que não há projeto principal, mas um conjunto de ações que devem ser realizadas para melhoria das condições de trabalho da classe.

De toda forma, posso citar alguns exemplos: Reestruturação e aperfeiçoamento do portal da transparência da OAB e da CAAAC; Criação da Controladoria Geral da OAB/AC; Reestruturação e fortalecimento da Ouvidoria da Mulher Advogada; Criação do programa “Advocacia Empreendedora”.

4- Qual a sua visão sobre a advocacia no “pós pandemia”? O que mudou?

A pandemia foi um dor maiores desafios da humanidade e certamente para os poderes públicos, tais desafios não se restringiram apenas à saúde pública. O Judiciário brasileiro avançou vários anos em poucos meses e a advocacia foi grandemente impactada com isso, notadamente pela virtualização quase que completa dos processos.

Gerir a OAB Acre nesse momento de transição, em que o mundo se vê saindo desse período pandêmico, graças aos avanços obtidos com a vacinação, é um grande desafio. Tenho a intenção de manter os avanços conquistados e avançar ainda mais, garantindo a proteção das pessoas e a da vida profissional de nossos advogados e advogadas.

As expectativas são as melhores possíveis, pois estamos muito empenhados em entregar à advocacia acreana tudo que nos propusemos a fazer. Tenho absoluta convicção que conseguiremos avançar muito no próximo triênio.

5- Na sua opinião, quais os maiores desafios na advocacia da atualidade?

Para além dos corriqueiros problemas enfrentados pela advocacia, tais como o aviltamento dos honorários, a violação das prerrogativas, etc., creio que nosso grande desafio é compreender as transformações que nos tem sido impostas pela revolução tecnológica que o mundo está passando.

Temos que ter em mente que a advocacia não é a mesma do século passado.

Atualmente, por exemplo, a gestão dos processos, as pesquisas de jurisprudência e elaboração de peças são tarefas que vêm paulatinamente sendo executadas por inteligência artificial.

Assim, penso que o futuro da advocacia passa necessariamente por um constante aprimoramento técnico e profunda especialização.

6- Você é a favor da política de paridade de gênero na Ordem? E como isso funciona na prática?

Apesar de as advogadas há muito tempo somarem metade dos quadros da OAB, a verdade é que, antes da paridade, as mulheres estavam sub representadas nas maiorias das seccionais, na diretoria e no próprio CFOAB, razão pela qual fui e sou totalmente favorável à paridade de gênero.

Como fruto desta importante mudança, para o triênio 2022/2024, além de cinco presidentas de seccionais, o sistema OAB contará com metade de todos os cargos eletivos ocupados por mulheres, seja nos conselhos seccionais ou no Conselho Federal.

Creio que tal alteração está indo ao encontro da Constituição Federal, a qual tem como objetivo fundamental a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Na nossa seccional costumo dizer que a Socorro Rodrigues é presidente juntamente comigo, inclusive, para simbolizar a importância que dou ao papel da mulher na OAB, pedi que a Socorro me substituísse em nossa primeira reunião ordinária do Conselho Pleno. Um outro exemplo é a nossa presidente da CAA/AC, a Laura Sousa, a qual tem feito um trabalho extraordinário à frente de tal órgão.

E na prática tem sido assim, ou seja, temos conduzido a gestão garantindo uma participação efetiva da mulher na tomada das decisões.

7- Qual recado você poderia deixar para os novos advogados?

Acredito que a jovem advocacia é o sustentáculo futuro de nossa carreira e, por esta razão, temos buscado atuar fortemente em prol dos nossos advogados e advogadas em início de carreira, concedendo-lhes oportunidades de capacitação continuada.

E, ainda no assunto capacitação, muito em breve, lançaremos diversos programas voltados a toda a advocacia acreana, com a oferta de cursos cada vez mais arrojados e robustos. Queremos capacitar cada vez mais nossos profissionais e, diante das complexidades de nosso sistema judicial e do dinamismo do mercado, oportunizar cada vez mais chances de consolidação profissional.

Nesse contexto todo, queremos a cada dia que passa reduzir as lacunas e os abismos que existiam e ainda existem, em dada medida, entre a OAB e os advogados. Queremos que nossos profissionais entendam a OAB como a sua casa e, por este motivo, estaremos de mãos dadas com cada um em suas lutas diárias.

Rodrigo Aiache Cordeiro possui graduação em Direito pela Universidade Federal do Acre, especialização em Direito Processual Civil pela PUC/SP e em Direito Tributário pela UNAMA e mestrado em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atualmente ocupa o cargo de Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (Seccional Acre) e é sócio proprietário do escritório RODRIGO AIACHE ADVOGADOS.

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