Venezuelana naturalizada no Brasil vota pela 1ª vez para presidente no país

Mirtha Virgínia Diáz é venezuelana de nascença e em 2020 se tornou naturalizada brasileira. Em 2022, a coordenadora da Associação da Venezuela, em Campo Grande, vai votar pela primeira vez nas eleições presidenciais do país que hoje tem como casa, o Brasil.

“Votar é uma emoção muito grande. Podemos exercer nosso direito como naturalizado brasileiro. No domingo, eu vou colocar um grão de areia para o futuro do Brasil”, comentou Mirtha.

Foi lá em 2008 que Mirtha chegou ao Brasil em busca de trabalho. Junto do esposo e da filha, ela saiu de Valência, na Venezuela, rumo ao Mato Grosso do Sul. Agora, há 14 anos, Mirtha e a família não pensam em voltar ao país de origem.

“A decisão de naturalizar veio de uma necessidade nossa de passaporte para transitar na América Latina e outros países, já que meu esposo trabalha estudando felinos e fazendo consultorias para organizações internacionais. Na Venezuela não tinha mais material para fazer passaporte, o valor também estava muito alto, cerca de 800 dólares por um documento. O Brasil é um país muito acolhedor e é interessante poder votar. Além disso, minha filha agora também pode fazer concurso, se quiser, como brasileira, entre outras oportunidades”, explicou Mirtha.

Após o passar o período para conseguir a naturalização, Mirtha se emociona ao falar sobre as eleições deste ano. Para a naturalizada brasileira, o voto, além de ser um momento de exercer a democracia, é fundamental no cumprimento dos direitos que ela conquistou.

“Imagina, é uma emoção! Queremos democracia onde podemos ter direitos e deveres. Queremos direitos como imigrantes, é importante. Estamos apoiando nossos irmãos imigrantes. É super importante, é uma situação muito própria para nós”, mencionou emocionada.

Mirtha explica que o voto dela é em busca de um futuro mais inclusivo para os imigrantes e refugiados. “O meu voto, no Brasil, garante o futuro para minha filha. As eleições são muito importantes”, finalizou.

Imigrantes e refugiados podem votar no Brasil?

O direito a refúgio, residência temporária ou até mesmo de residência fixa em outro país, não necessariamente significam o acesso a outros direitos garantidos a cidadãos natos e naturalizados, como o direito ao voto.

No Brasil, apenas brasileiros podem votar. Imigrantes e refugiados precisam se naturalizar brasileiros para exercer o voto.

“Pessoas refugiadas e imigrantes podem se naturalizar brasileiras, mas para isso é preciso que estejam vivendo no Brasil há 15 anos. Em casos especiais, depois de quatro anos de residência no país, também podem se naturalizar. O processo de interiorização é muito importante como primeiro passo, pois ajuda o refugiado ou venezuelano e depois com o tempo, poder avançar para outras escolhas, que fizerem sentido para ele ”, explica Juliana Melo, advogada e gestora de Interiorização do Projeto Brasil, um coração que acolhe – projeto da Fraternidade sem Fronteiras.

Para pedir a naturalização no Brasil, a pessoa não pode ter condenação penal. Caso o estrangeiro seja originário de país de língua portuguesa, será exigida apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Em pouco mais de quatro anos de atuação, mais de cinco mil refugiados e migrantes, indígenas e até brasileiros já foram atendidos pelo projeto que Mirtha foi acolhida. Essas pessoas tiveram acesso a cursos de capacitação, seja com acolhimento, seja com atendimento para interiorização.

Mirtha votou pela primeira vez no Brasil em 2020, nas eleições municipais. — Foto: Arquivo Pessoal

Mirtha votou pela primeira vez no Brasil em 2020, nas eleições municipais. — Foto: Arquivo Pessoal

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