“Não somos menos mulheres”, diz transexual que é servidora pública há 10 anos no Acre

Nesta quarta-feira, 8 de março, a data em que é comemorado o Dia Internacional da Mulher, representa um marco da sociedade na luta por direitos e igualdade de gênero. No Acre, diversas figuras são exemplos de força e superação, como Michele.

Michele Franco é uma mulher transexual, tem 30 anos de idade e é mestre em Política e Gestão Educacional e também atua como servidora pública federal na Universidade Federal do Acre (Ufac) há mais de 10 anos, em Rio Branco.

Conforme Michele, sua carreira e sucesso acadêmico foram uma grande conquista, obtida principalmente através do apoio da base familiar e de sua dedicação aos estudos. Ainda assim, embora tenha se focado nos estudos e trabalho, não deixou de lidar com problemas ligados à sua identidade.

“Algumas vezes eu estava indo trabalhar ou estudar e por estar usando roupas femininas eu ouvi risos e deboches, mas isso só me fortaleceu, isso não me deixou desistir de ser quem eu sou”, relembra Michele.

Foto: Cedida

Ela também conta que sabe que nem todas as mulheres transexuais possuem esse mesmo tipo de suporte, tanto por parte da família quanto pela falta de estrutura do poder público do estado, e por conta disso acabam em trabalhos muitas vezes degradantes para conseguir sobreviver nesta sociedade regida pelo preconceito.

“Eu me firmei nos espaços, firmei minha imagem, consegui o respeito das pessoas de forma gradual, aos poucos, também de forma muito didática porque meu corpo quando ele ocupa um espaço, ele educa”, salienta Michele, que inclusive descreve o ambiente de trabalho e a relação com as pessoas a sua volta como acolhedor.

Ter uma mulher que enfrentou adversidades em seu percurso de vida e hoje ocupa uma posição de poder e de inspiração para outras é imprescindível no corpo social brasileiro e, em particular, no Acre. Sem dúvidas, um dos avanços a serem comemorados no Dia Internacional das Mulheres.

Foto: Cedida

“E hoje, pro Dia Internacional das Mulheres, que elas se descubram, que elas desbravam; desbravem caminhos difíceis e que as situações difíceis a gente possa transformar em algo de muito aprendizado. Eu sobrevivi a diversas tempestades para estar aqui e não será qualquer tormenta que irá me deslegitimar”, acrescenta.

Michele também adiciona em seu relato, uma fala direcionada a mulheres transexuais, que assim como ela precisam quebrar paradigmas em sua caminhada. “E em especial as mulheres trans, não desistam de conquistar o espaço de vocês, não desistam se firmar quanto mulher, nós não somos menos mulheres, nós tivemos que lutar pra estar onde nós estamos”, finaliza Michele.

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