Quadrilha com motoristas de app é presa por estuprar passageiras

A Polícia Civil de São Paulo prendeu na noite desta segunda-feira (14) uma quadrilha de motoristas de carros por aplicativos de celular acusada de sequestrar, roubar, estuprar e abusar sexualmente passageiras sozinhas.

Três homens foram presos em flagrante pela Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco) da 4ª Delegacia Seccional da Zona Norte. Houve troca de tiros entre os criminosos e os policiais. Mas nenhum deles se feriu.

Outro comparsa do grupo fugiu, foi identificado e é procurado pelos policiais. Uma mulher que havia sido sequestrada pelos bandidos foi libertada pela polícia. Ela estava dentro do carro por aplicativo usado pela quadrilha.

Os bandidos não chegaram a roubar dinheiro e nem abusar sexualmente dela. Os policiais já estavam investigando o bando e o deteve quando pegaram a vítima nos Jardins, bairro nobre do Centro de São Paulo, e seguiam com ela pela região de São Miguel Paulista, na Zona Leste da capital.

Segundo a polícia, a quadrilha pretendia levá-la para um cativeiro em Itaquaquecetuba, cidade a Grande São Paulo.

Os criminosos já eram investigados por usarem carros de aplicativo e o cativeiro para cometerem crimes contra outras seis passageiras neste ano na Grande São Paulo. Todas foram sequestradas e roubadas. Algumas delas também acabaram estupradas ou violentadas sexualmente pelos bandidos.

Como a quadrilha agia

Para cometer os crimes, a quadrilha agiu da seguinte maneira, de acordo com a investigação policial:

  • Os criminosos eram cadastrados como motoristas de carros por aplicativos de celular. Quando uma mulher sozinha pedia uma corrida, o motorista ia até o local e pegava a passageira.
  • Depois, durante o trajeto, ele fingia uma pane no carro e parava o veículo. Nesse momento, outro veículo que seguia o automóvel também parava e os bandidos desciam armados dele.
  • O grupo anunciava o assalto e entrava no carro por aplicativo com a passageira e o motorista, que fingia ser vítima também. Mas na verdade também era integrante da quadrilha.
  • A mulher abordada era ameaçada de morte pelo bando se não transferisse dinheiro por Pix (transferência bancária por aplicativo de celular) para contas dos criminosos.
  • Durante o assalto, a vítima era levada para um cativeiro numa casa em Itaquaquecetuba. Lá, ela também podia ser abusada sexualmente, como algumas vítimas relataram.
  • ‘Pra mim foi um abuso’, diz passageira

“’Que gostosinha, vai ser uma pena se você morrer…bonitinha, tão novinha’”, disse à TV Globo Giovanna Pacheco, uma influenciadora digital de 19 anos, que foi outra vítima da quadrilha num dos sete casos investigados em 2023 pela polícia.

Vídeo gravado por câmera de segurança de um prédio mostra o momento que ela pede um carro por aplicativo na madrugada de 2 de março.

Ela foi chamada pelos policiais para ir a delegacia que investiga o caso identificar os criminosos. “Pra mim foi um abuso: bater na minha bunda’, disse a jovem, que foi importunada sexualmente.

Segundo Giovanna, os bandidos ainda gravaram o abuso sexual contra ela e enviaram as imagens para os celulares deles.

Ela contou que ficou oito horas refém dos bandidos e foi levada para dois cativeiros. Também falou que foi obrigada a passar R$ 10 mil para as contas deles para não ser morta. “Queriam R$ 40 mil, mas eu não tinha”, falou a influenciadora.

A passageira só foi libertada pela quadrilha depois de transferir o dinheiro. Os criminosos pediram um outro carro por aplicativo para levá-la para casa. Em suas redes sociais, Giovanna comentou o caso e alertou as mulheres para terem cuidado ao pedirem corridas por aplicativos.

Delegado indiciou bando por crimes

Segundo a polícia, os três presos confessaram os crimes.

“As vítimas ficavam em poder da quadrilha entre 1 hora a 12 horas. [Os bandidos] eram agressivos com as vítimas. [Eles] vão responder por extorsão qualificada, roubo majorado [levar o bem de alguém sob ameaça], tentativa de homicídio em cima dos policiais [por terem atirado contra os agentes] e organização criminosa. Somadas as penas deverão passar mais de 40 anos na cadeia”, disse o delegado Ronald Quene Justiniano, que também irá responsabilizá-los por estupros e outros crimes crimes sexuais contra algumas das vítimas.

A reportagem entrou em contato com as empresas responsáveis por administrar os aplicativos de celular, mas não teve respostas até a última atualização desta reportagem.

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