Combate ao racismo é debatido na Câmara de Rio Branco

Autor do requerimento que propôs o tema, o vereador Francisco Piaba destacou a importância de trazer o assunto para o Legislativo

Com a presença do delegado Samuel Mendes, da Delegacia da 2ª Regional na Cidade do Povo, do promotor Tales Tranin e da presidente da comissão da igualdade racial da OAB-AC, Mary Barbosa, a Câmara de Rio Branco realizou nesta quinta-feira (25), no espaço Tribuna Popular, um debate sobre o combate aos crimes de racismo e injúria racial.

Autor do requerimento que propôs o tema, o vereador Francisco Piaba (UB) destacou a importância de trazer o assunto para o Legislativo. “Nós temos que tratar nossos irmãos como tem que ser tratados. Não podemos admitir que coisas como a que aconteceu recentemente com o doutor Samuel ali na Cidade do Povo, que foi maltratado e o que acontece também nos estádios de futebol continuem acontecendo”, frisou.

Câmara de Vereadores de Rio Branco. Foto: Reprodução

O delegado Samuel foi vítima de racismo em janeiro deste ano quando um idoso de 69 anos se recusou a ser atendido por ele afirmando que queria ser atendido “por um delegado branco”. Em sua fala na Câmara, ele salientou a importância de discutir o tema como uma forma de diminuir o racismo estrutural, enraizado durante séculos na nossa sociedade.

“É importante conscientizar as pessoas principalmente em relação aos seus direitos porque o racismo não pode ser um assunto esquecido para que as pessoas possam agir com naturalidade quando surgir. A comunicação sobre os crimes de racismo vem acontecendo paulatinamente. O que observei é que quando acontece as pessoas não procuram seus direitos por vergonha ou por ser revitimizada ao não acreditarem nelas e por falta de apoio”, analisou o delegado.

O promotor de Justiça da 4⁰ Promotoria, Talis Tranin, titular da promotoria de Execuções Penais e respondendo também pela Promotoria Especializada de Defesa dos Direitos Humanos lembrou que a escravização foi cruel e que é preciso reparar essa dívida histórica com a população negra.

“A maioria da população carcerária é negra.O Brasil tem uma dúvida histórica com a população negra. Eles não pediram pra sair do seu pais pra virem pra cá. É uma história triste que precisamos falar porque precisamos combater essa injustiça e os crimes de injúria racial e racismo”, pontuou.

Já a presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-AC, advogada Mary Barbosa destacou a necessidade de se fazer cumprir a legislação que estabelece educação sobre igualdade racial nas escolas em todos os níveis.

“Os crimes raciais vem se perpetuando ainda em pleno século 21. Temos de pensar na educação. Foram três seculos e meio de escravidão negra no Brasil. Precisamos pautar essa discussão para que os professores sejam capacitados para trabalhar essa temática com as nossas crianças.

Existe uma lei. A gente tratando na base, a gente vai conseguir mudar essa situação. Não estamos acostumados a ver os negros ocupando espaços de poder, mas sempre em sub empregos, sub ocupações”, lembrou, referindo-se à
Lei N°10.639/ 2003 que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura Afro-Brasil.

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