Pimenta: assim como no Acre, ambientalistas podem frustrar sonho por petróleo no Amapá

A ministra acreana Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, está de volta à zona de guerra com o conflito entre o Ibama e a Petrobrás pelas perfurações

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Com 59,5% de preferência popular, o ex-prefeito Marcus Alexandre tem larga vantagem sobre o atual prefeito Tião Bocalom (11,17%) numa eventual disputa pela Prefeitura de Rio Branco em 2024. Isso é o que diz pesquisa do Instituto Delta divulgada domingo (21). A se confirmar o prognóstico, Marcus e Bocalom estarão repetindo a disputa de 2012, quando o então petista venceu no segundo turno com 48, 3% contra 43,85% de Bocalom. 

Fermento

A pesquisa do Delta revela o óbvio. Os demais prováveis candidatos ainda terão que crescer muito para demonstrar competitividade e relevância para garantir a indicação nas disputas internas dos partidos. Minoru marcou 8%, Jarude, 6,17%; Jenilson, 3,67%;  Michele, 1,83% e Alysson Bestene, 1,5%. Secretário de Governo de Gladson Cameli, Alysson conta com a benção do governador para ganhar musculatura. 

Opções

A disputa pela Prefeitura de Rio Branco está longe de chegar a um formato definitivo. Tal como a nuvem de Ulysses Guimarães, ainda ganhará muitos desenhos até as convenções partidárias de 2024. O Instituto Delta não considerou, por exemplo, eventuais candidaturas da ex-deputada Mara Rocha (MDB) e da vereadora Lene Petecão (PSD), duas mulheres de relevância no atual cenário da Capital. 

Opera

Cerca de 30 profissionais, entre médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem participaram do mutirão Opera Acre realizado neste fim de semana no Hospital Regional de Brasileia Raimundo Chaar. Ao todo, foram atendidos 54 pacientes que há anos aguardavam na fila para cirurgias de hérnia, vesícula, postectomia, hidrocelectomia , lipoma e colecistectomia. A chefe da regulação de cirurgias do Opera Acre, Shirley Nascimento, informou que o mutirão atendeu pacientes de Xapuri, Epitaciolândia, Brasileia e Assis Brasil.

Serviço feito

O Estado do Acre já possui um documento orientador para as políticas públicas com diretrizes territoriais e sociais destinadas à implementação do Pronasci (Programa Nacional de Segurança com Cidadania). Quem avisa é o sociólogo Ermício Sena, ex- coordenador do Pronasci durante a gestão do governador Binho Marques e autor do documento. Ermício considera apropriado que a gestão Gladson Cameli resgate e utilize este conteúdo, economizando tempo e dinheiro, pois se trata de um trabalho sem prazo de validade, apesar do avanço das facções, o que também foi muito debatido em um encontro entre governadores da Amazônia Legal durante a gestão de Tião Viana.

Front

A ministra acreana Marina Silva, do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas, está de volta à zona de guerra com o conflito entre o Ibama e a Petrobrás pelas perfurações nas profundezas do Oceano Atlântico, mais precisamente na região conhecida como Foz do Amazonas ou Margem Equatorial. Vai da Costa do Amapá ao Rio Grande do Norte. Uma nova reserva de pré-sal, segundo especialistas da Petrobrás. 

Marina Silva/Foto: Reprodução

Memória

Em 2008, Marina renunciou por se considerar desgastada e sem apoio de Lula enquanto era duramente criticada, dentro do próprio Governo, por, entre outras medidas, empatar o licenciamento da barragem do Rio Xingu para a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. O licenciamento só foi concedido depois que ela deixou o Ministério. E ainda assim teve que ser revisto várias vezes.

Dubai

Desta vez Marina Silva tem como adversário toda a população do Estado do Amapá, que possui orçamento anual quase igual ao do Acre (R$ 8,9 bilhões), um dos mais baixos do Brasil. E sonha com as rebarbas dos investimentos de U$ 56 bilhões previstos para a exploração e US$ 200 bilhões de arrecadação, gerando centenas de milhares de empregos. Se não der para construir um potentado, há de garantir o fim da economia do contracheque, sonho acalentado por todos os acreanos.

Leilão

O sonho de petróleo no Acre reside nas profundezas do oceano verde que vai da Serra do Moa até terras vizinhas do Estado do Amazonas, uma área de 1.630,01 km2. Este é o tamanho do bloco de exploração de petróleo AC-T-8 arrematado pela Petrobrás em licitação realizada em 2012 pela Agência Nacional de Petróleo (ANP).  

Marmud Cameli

Na Serra do Moa, ou Parque Nacional da Serra do Divisor, a Petrobrás vinha pesquisando a presença de petróleo desde a década de 1930 e até os anos 1970, segundo o pesquisador Alceu Ranzi.  A petrolífera nunca achou riqueza alguma no subsolo, mas gerou riqueza no Juruá. Em entrevista durante campanha eleitoral de 1994, o ex-governador Orleir Cameli (1995-1998) atribuiu a origem de sua empresa de navegação, e de sua fortuna,  ao arrendamento de balsas para a Petrobrás nos anos 1960. Mas tudo o que a pesquisa localizou foi uma fonte de água termal que jorra incessantemente feito a luta do Acre por sua independência econômica. 

Petro Moa

O retorno da Petrobrás à região teve início em 2007, quando o então senador Tião Viana (PT) destinou uma emenda ao Orçamento da União garantindo recursos para as pesquisas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Em 2013, já no penúltimo ano de seu primeiro mandato, o governador anunciou abertura de licitação para a exploração. À época, a ANP já investira mais de R$ 100 milhões em levantamentos de física, sísmica e todos os números indicavam que o Acre tinha petróleo.

ACP

Em 2015 a licitação foi suspensa pela Justiça Federal, que acatou ação civil pública ajuizada pela Procuradoria da República do Acre contra a União, o Ibama, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Petrobrás. Os procuradores provaram, através de argumentos e estudos científicos, que a licitação continha graves ilegalidades tanto do ponto de vista ambiental, quanto social. 

Terremotos

Para entrar com a ACP, os procuradores da República contaram com a assessoria da Coesus (Coalizão Anti Fracking Brasil), um movimento internacional contra a exploração de óleo e gás de xisto, como é chamado o gás obtido pelo método de pressão hidráulica. A técnica consiste em perfuração de grandes profundidades com jatos de água. A Procuradoria da República argumentou que o fracking pode contaminar a água, o ar e fragilizar o solo rochoso podendo causar abalos sísmicos na região. Em 2020, a própria Petrobrás procurou a ANP e pediu o cancelamento da concessão. 

Petrodólar

Enquanto o sonho acreano foi interrompido pela Justiça Federal, o dos amapaenses vai sendo empatado pelo Ibama. Longe de sua floresta, a mina de petróleo do Amapá está nas profundezas do Oceano Atlântico se estendendo até a costa do Rio Grande do Norte. O Ibama suspendeu o licenciamento à Petrobrás para fazer a prospecção, mas deixou em aberto a possibilidade de rever a decisão se a empresa realizar os ajustes necessários.

Negócios à parte

Por hora, o imbróglio feriu apenas a amizade de Marina com o senador Randolfe Rodrigues, que se desfiliou da Rede Sustentabilidade, partido do qual foi sócio da ministra desde a fundação.  Nas redes sociais, Randolfe disse que a decisão do Ibama foi autoritária, pois não ouviu o povo do Amapá.  Mesmo sabendo que consultas públicas só podem ser convocadas após a aprovação da viabilidade técnica dos projetos.  Neste, a base de operações para enfrentamento de possíveis desastres ambientais, está a 43 horas de distância. Uma das correções exigidas para a licença. Um possível vazamento de óleo inundaria as praias da Guiana Francesa em 10 horas, gerando um grave conflito internacional.

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