O Acre foi destaque em âmbito nacional, por um método incomum de acesso à educação e que dividiu opiniões. Alguns alunos do interior, são levados às instituições de ensino por picapes escolares, uma forma adaptada da região, para assegurar que estudantes consigam se locomover no interior.
Esse modo de mobilidade criativa gerou indagações quanto à segurança, já que os automóveis são equipados com uma estrutura acoplada à caçamba. Para responder esses questionamentos, a UOL Carros conversou com Ana Cristina Silva de Souza que, atualmente, trabalha como monitora nas picapes escolares.
Ana relata que eles fazem tudo de modo que as crianças tenham conforto e segurança, por mais inusitado que possa parecer. “Fazemos de tudo para que elas não percam conteúdo e que cheguem com conforto. Quando chove, temos lonas para fechar e não molhar o aluno. Além disso, a picape – que é lavada diariamente – não arremessa lama sobre as crianças. Todos se sentam em bancos acolchoados e com cintos de segurança devidamente afivelados”.
Além disso, nas imagens que circulam pela internet, observa-se uma Ford Ranger, nesses padrões, enfrentando bravamente um longo atoleiro. A monitora diz que “o problema é quando chove. Forma tanta lama que nem as Agrales Marruás do Estado estavam dando conta, por isso usamos picapes como a Ford Ranger, Chevrolet S10, VW Amarok e outras. Ainda assim, até elas atolam. Isso pode gerar atrasos, mas sempre fazemos de tudo para levá-los às escolas”.
Falando sobre a realidade vivenciada no interior, ela dá ainda mais detalhes das dificuldades e desafios na busca de proporcionar uma educação de qualidade. “Ficamos tentando desatolar o veículo. E não há sinal de telefonia na região, temos só Wi-Fi. Quando cai a energia – o que ocorre com frequência – ficamos todos desconectados. Por isso, usamos rádios transmissores para falar com os pais, sintonizados em frequência fechada”.
Apesar disso, o trabalho que vem sendo desenvolvido tem conseguido atender as demandas das regiões do interior, se mostrando como alternativa. “Essa alternativa de transporte, que conseguiu abranger todos os alunos. Tentamos acolher o máximo que podemos. Claro que há ramais que pertencem a outros municípios, mas sempre que dá, ajudamos o máximo de crianças possível. É um trabalho verdadeiramente colaborativo, em todos os sentidos”.
Embora isso seja novidade para muitas pessoas, a Secretaria de Educação do Estado do Acre, se posicionou e disse que esse trabalho realizado com os veículos já faz mais de dez anos e eles servem à Rede Pública Estadual de Ensino de forma gratuita. Na caçamba, a capacidade máxima é de 13 alunos + 1 monitor e hoje em dia, há em torno de 72 empresas (entre pessoas físicas e jurídicas) que prestam esses serviços a comunidade.
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