Não é de agora que a acreana, ex-senadora e atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, recebe ataques de diversas naturezas. A maioria deles de ordem machista e misógina – alguns até racistas – quando sua aparência física é animalizada e se torna o motivo para justificar as inúmeras tentativas de apagamento da sua trajetória, que é permeada por conquistas e destaques.
Só para recordar e não esquecer: a historiadora, professora, psicopedagoga e ambientalista que foi alfabetizada aos 16 anos é uma das mulheres mais premiadas e homenageadas do planeta, colecionando mais de 50 títulos e comendas – doa a quem doer. De acordo com o catedrático jornal britânico ‘Guardian’, está entre as 50 pessoas que podem ajudar a salvar o planeta.
Nesta quarta-feira (31), um deputado de Rondônia, de forma irônica, disse que ao ver o nome e foto da ministra no Salão do Povo na Aleac, teve vontade de cancelar a participação no encontro. No mês passado, médicos do Acre zombaram do estado de saúde da acreana, em um grupo de WhatsApp – período em que foi diagnosticada com Covid-19 pela 6ª vez. “Tomara que o vírus da covid esteja bem”, disse um deles.
As críticas são cruciais e importantes para a construção e a manutenção da Democracia, mas ataques pessoais não são da mesma ordem. Pelo contrário, incitam a violência e nivelam por baixo as discussões que deveriam ser construtivas. Divergências são toleráveis e necessárias, mas as agressões, não.
Que Marina seja questionada ou criticada (não de forma truculenta) no campo das ideias, no seu fazer político, no exercício da sua função, mas não atacada (como ninguém deveria ser). Quando ela é agredida, especialmente por sua aparência, as perguntas que ficam é: “o que de fato deveria ser considerado importante numa pessoa e quais questões deveriam nos fazer admirá-las?”.