“Se ter uma mãe já é bom, imagina duas?” Esse foi o início de uma frase usada pela servidora pública acreana Júlia Arantes, de 22 anos, que também há 11 anos exerce a profissão de dançarina, onde é proprietária e professora de dança no seu ‘Estúdio de Dança do Ventre’.
Em especial ao dia do Orgulho LGBTQIAP+, a coluna Douglas Richer, do portal ContilNet, conversou com a dançarina na manhã desta quarta-feira (28) onde abriu o jogo sobre a sua relação familiar com a mãe Índia Alves e a sua esposa Maria Delcidia. De acordo com Júlia, ela e os irmãos veem sua mãe e a esposa como figuras maternas. Júlia Arantes é a filha primogênita da acreana Índia Alves, que também é mãe dos gêmeos, casal João e Maria. Hoje, Índia, sua esposa Delcidia e os gêmeos residem em João Pessoa, na Paraíba e Júlia mora no Acre.
“É uma relação muito muito tranquila, sabe? Ambas partes, a gente vê tanto a minha mãe biológica quanto a esposa dela como figura materna, sabe? Não existe essa coisa de ver figura paterna como as pessoas preconceituosas dizem, tanto os meus irmãos, né? Que são frutos de inseminação artificial, com outra pessoa. E a gente vê ela como figura materna e ambas partes são um grande exemplo. Ensina muito a gente sobre respeito, com outras pessoas, independentemente de raça, enfim, sexualidade e tudo né”, explicou.
Júlia ainda explicou sobre a convivência e sobre a inspiração que suas mães têm em sua vida. De acordo com a acreana, Índia e Delcidia são referências de mulheres fortes que preparam ela para o mundo.
“É uma convivência muito boa porque é que nem eu sempre digo, né? Se uma mãe é boa e imagina duas. É duas pessoas ali que te inspiram, que te fazem se tornar uma pessoa mais forte, né? Que te prepara pro mundo. E assim que eu vejo elas duas, elas são muito unidas assim em tudo, em tudo e tudo mesmo super divertida. Que gosta de sair, mas que também gosta ali daquela coisa da família. É tudo muito familiar”, contou ao ContilNet.
Sobre ter uma mãe lésbica, Júlia Arantes revelou preconceitos na infância e o sentimento dos ataques: “Na escola, às vezes algumas mães, de algumas amigas não deixavam elas irem pra minha casa fazer trabalho ou qualquer outra coisa. Umas 3 mães de amigas diferentes. Quando era mais nova ficava bem mal, porque criança não vê maldade em nada né, mas já entendia”, desabafou Júlia.
Em papo final com este colunista, Júlia falou sobre respeito em sua família: “Creio que o maior ponto é a forma que vemos o mundo, com maior respeito a todas as famílias e suas formas. O apoio emocional que elas dão é em dobro, é sobre se sentir amada.”