Morre Zé Celso, criador do Teatro Oficina e tradutor do tropicalismo para os palcos

Vítima de um incêndio, dramaturgo substituiu bom gosto pela verdade em peças como 'O Rei da Vela', que afrontou a ditadura

Zé Celso, criador do Teatro Oficina, em ensaio para a revista Serafina, da Folha, em outubro de 2016

Zé Celso, criador do Teatro Oficina, em ensaio para a revista Serafina, da Folha, em outubro de 2016 – Daniel Klajmic

Maior nome da dramaturgia nacional e criador da linguagem tropicalista no teatro, José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, que encenou a folia, a orgia e a anarquia no Teatro Oficina, morreu nesta quinta-feira (6), aos 86 anos, em São Paulo.

Ele estava internado na unidade de terapia intensiva do Hospital das Clínicas depois de ter tido 53% de seu corpo queimado em um incêndio causado por um aquecedor elétrico que consumiu seu apartamento, no Paraíso, bairro da zona sul paulistana, durante a madrugada de terça-feira (4).

Nos anos 1960, Zé Celso escolheu a anarquia oswaldiana para desafiar a repressão da ditadura militar. O artista participou do grupo fundador do Teatro Oficina —também formado por Renato Borghi, Fauzi Arap, Etty Fraser, Amir Haddad e Ronaldo Daniel—, que se tornaria símbolo do teatro brasileiro.

Dez anos mais tarde, a companhia montou “O Rei da Vela”, clássico inspirado no livro de mesmo nome escrito em 1933 por Oswald de Andrade, que satirizou a política e o comportamento subserviente do país em relação ao mundo desenvolvido.

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