O Acre faz parte dos oitos estados da Região Norte e Nordeste que enfrentam a pior seca desde 1980, por causa da falta de chuvas. A informação foi divulgada pelo site G1.
Além do Acre, Amazonas, Pará, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe também aparecem na lista. O levantamento foi feito a partir dos dados do Centro de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), do Governo Federal. Segundo o G1, o órgão leva em consideração os registros de volume de chuva (em milímetros) de toda a sua base histórica, que teve início em 1980.
O cenário extremo está estritamente ligado ao fenômeno El Niño, que está atípico em 2023. O alerta já tinha sido feito pelo professor e pesquisador da Ufac, Alejandro Fonseca, que informou ao ContilNet, em junho, que a influência do El Niño iria diminuir as chuvas no Acre.
Porém, na época, mesmo não havendo estudos claros que indicassem a influência do El Niño no Acre, o pesquisador afirmou que após as mudanças climáticas vistas no país e no mundo, não deveria ser descartada a possibilidade de eventos extremos ocasionados pelo fenômeno.
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“Estamos em um momento de manifestações de extremo climático no mundo todo. Saímos de um episódio de La Niña, que era para ter sido chuvoso na nossa região e não se comportou assim”.
E o que Fonseca falou se cumpriu. A seca extrema intensificou no estado e o Rio Acre, na capital, atingiu o menor volume do ano, 1,40 metros.
A seca extrema fez com o que a Prefeitura de Rio Branco declarasse situação de emergência. O decreto considerou os baixos índices pluviométricos, que indicam uma estiagem crítica e prolongada na capital, causando a diminuição dos rios e baixa umidade do ar.
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Além disso, o decreto considerou também que a escassez de chuvas durante este período, iniciado no primeiro semestre do ano, está previsto para se estender pelo menos por mais 2 meses, o que pode aumentar o risco de desabastecimento de água potável.
Em uma mapa divulgado pelo Cemadem, é possível ver que na região do Vale do Juruá, próxima à fronteira com o Peru, entre Mâncio Lima e Porto Walter, já enfrentam, inclusive, a segunda maior estiagem da sua história. Já as áreas próximas aos municípios de Feijó e Tarauacá estão sendo atingidas pela terceira maior crise hídrica de todos os tempos.
Ajuda do governo federal
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, informou que o governo federal já preparou um plano de enfrentamento ao problema da seca no Acre. Marina diz que governo Lula prepara resposta emergencial para seca no Acre.
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À Agência Reuters, Marina disse que o plano inclui envio de medicamentos, água e cestas básicas, antecipação do período de defeso da pesca e liberação de recursos do FGTS.
Nesta quarta-feira (4), durante visita da comitiva do governo federal em Manaus, Marina lembrou que as mudanças climáticas são reais e já afetam o Acre.
“Nós estamos vivendo dois fenômenos: o cruzamento do El Niño, que é um fenômeno natural, com a mudança do clima de forma descontrolada com o aquecimento do Atlântico Norte”, afirmou a ministra em coletiva de imprensa após a visita da comitiva a regiões atingidas pela estiagem.
“O cruzamento desses dois fenômenos fez com que começássemos o ano com enchentes aqui no Amazonas e no Acre, secas terríveis no Rio Grande do Sul. Nós estamos terminando o ano com seca terrível no Amazonas, no Acre e Rondônia, e enchentes terríveis no Rio Grande do Sul”, completou a ministra.