Numa manhã radiante de sábado, sob o calor envolvente do sol, mergulhei nos relatos de sonhos, desafios e esperanças ao lado de Vanusa Veras, filha do lendário Zé do Branco.
Foi nesse momento que germinou a semente de uma exposição fotográfica para celebrar o legado do Bar e Restaurante do Zé do Branco, outrora conhecido como Bar Jiquitaias Bar, um marco na comunidade à Margem do Acre.
A saga de Zé do Branco não se limita a sobreviver e vencer obstáculos, é uma epopeia de transformação pessoal, um relato arrebatador da alma humana.
José Antônio Veras personifica o empreendedorismo por necessidade, uma jornada compartilhada por tantos brasileiros diante das adversidades econômicas. É um caminho marcado pela luta pela subsistência familiar em meio à escassez de oportunidades formais.
Dados do Sebrae ressaltam que o empreendedorismo por necessidade é uma realidade para muitos, destacando a resiliência e a inventividade daqueles que enfrentam desafios aparentemente intransponíveis.
A trajetória de Zé do Branco é uma tapeçaria multifacetada, narrando sua evolução desde os dias árduos como empregado doméstico até erguer o icônico “Jiquitaias Bar”, erguido à sombra de uma árvore de mutambeira, outrora ninho da minúscula formiga jiquitaia, cujo mijo provocava uma irritação na pele insuportável.
Contudo, o ambiente se transformou, tornando-se um bar tradicional, reverenciado por todos na comunidade. De crianças a anciãos, de trabalhadores a estudantes e ribeirinhos, sendo um referencial para todos os banhistas dos saudosos Festivas de Praia, que serviu de palco para o início da carreira profissional de Zezé de Camargo, todos se reuniam ali para compartilhar histórias e celebrar a vida no Acre.
Ao longo dos anos, o estabelecimento evolui para o “Bar e Restaurante Zé do Branco”, oferecendo um cardápio diversificado de comida caseira e o prato tradicional, peixe pescado pelo Zé do Branco servindo de terça a domingo. Cada imagem na exposição será uma janela para a alma desse homem determinado, moldado pelas águas do Rio Acre e pelas vicissitudes da vida.
O “Bar e Restaurante do Zé do Branco” é mais que um local de negócios, é um farol de esperança e resiliência na comunidade. Através das lentes da câmera, testemunharemos não só momentos de júbilo, mas também lágrimas derramadas em tempos sombrios. Zé do Branco não apenas serve comida e bebida, ele compartilha narrativas de vida, oferecendo conforto e camaradagem a todos que o procuram.
A inundação de 2023 poderia ter sido o epílogo, mas as imagens contam uma história diferente: a união da comunidade em face da adversidade. O “Bar e Restaurante do Zé do Branco” ressurge das águas, fortalecido pela solidariedade e apoio mútuo, afinal, o rio sempre foi tanto ameaça quanto fonte de vida, como nos anos de 2015, 1997 e 2012.
Ao refletirmos sobre a jornada de Zé do Branco, somos lembrados de que a verdadeira metamorfose começa de dentro para fora. O empreendedorismo por necessidade pode ser o catalisador dessa transformação, capacitando indivíduos a reescrever suas próprias narrativas e encontrar significado em meio à adversidade.
A exposição “Resiliência Além das Margens do Acre” é mais que uma comemoração, é um chamado inspirador ao poder humano de transcender obstáculos. Ao contemplarmos as imagens de Zé do Branco e sua comunidade, somos desafiados a questionar nossas próprias limitações e abraçar nosso potencial transformador.
Que a saga de José Antônio Veras ecoe além das margens do Acre, inspirando outros a encontrar coragem em suas próprias odisseias.
Pois são as cicatrizes da adversidade que nos fortalecem e as correntezas da vida que nos levam ao nosso verdadeiro destino.
No dia 1º de junho, celebraremos com muito pagode, samba, alegria e calor os 35 anos de uma jornada inspiradora.
Que a sua vida seja empolgante e resiliente igual a do Zé do Branco.
Com orgulho de ouvir história!
Maysa Bezerra
Escritora e Sonhadora
Créditos:
Autores: Maysa Bezerra e Ramon Aquim