No calor das conversas cotidianas, onde cada um busca impor sua voz em um coro de opiniões, é fácil esquecer o poder do silêncio. “Sem lenha, a fogueira apaga”, e assim, sem a prudência da reflexão, as palavras podem se extinguir em cinzas de arrependimento. Em um mundo barulhento, onde “o diabo está de férias”, porque os faladores assumiram seu posto, a indiscrição tem sido a chama que consome a serenidade e a sabedoria. Aqueles que falam demais, que se lançam em conselhos tolos e se deixam levar pela necessidade de serem vistos e lembrados, muitas vezes se encontram perdidos em um labirinto de suas próprias palavras.
Salomão já falava “a boca fala do que o coração está cheio” (Provérbios 10:19), e que há “tempo para falar e tempo para calar” (Provérbios 16:32). Esses tempos não são meros acasos, mas escolhas deliberadas que moldam nosso destino. O silêncio não é apenas uma ausência de som, mas uma presença de paz, uma estratégia para vencer batalhas que o barulho jamais conquistaria. No silêncio, encontramos a força para não ofender quando tristes, e a prudência para não prometer quando eufóricos.
As palavras têm o poder de criar e destruir, como demonstrado na criação divina e na profecia de Ezequiel que trouxe vida ao vale de ossos secos. Mas também têm o poder de fechar portas, de criar abismos de mentiras onde o mentiroso vive em constante vigilância sobre o ombro, temendo que suas falsidades sejam descobertas. A vida, no entanto, não exige que sempre tenhamos respostas prontas, essa é uma mentira que nos foi contada, uma pressão que nos foi imposta.
Portanto, que possamos aprender a valorizar o silêncio, a ser discretos e reservados, a falar apenas quando nossas palavras forem construtivas e verdadeiras. Que possamos ter a coragem de interromper ciclos de fofoca com nossa ausência de palavras, e que possamos reconhecer que, às vezes, as maiores vitórias são aquelas conquistadas no silêncio. Que a verdade seja nossa companheira constante, pois, ao contrário da mentira, ela não nos leva a abismos, mas a caminhos de integridade e luz. E que, acima de tudo, possamos entender que ser lembrado não é uma questão de volume, mas de valor, não de presença, mas de essência.
Maysa Bezerra
Coach e Escritora