Nas eleições deste ano, o deputado federal Roberto Duarte surpreendeu a todos ao anunciar apoio a candidatura de Marcus Alexandre, do MDB, na disputa pela Prefeitura de Rio Branco. O partido em que ele preside no Acre, o Republicanos, sempre esteve ligado ao bolsonarismo e às pautas da direita. Ao anunciar apoio a Marcus, Duarte se aliou em uma coligação com siglas da esquerda, como o PT, PCdoB e PSOL. A decisão causou surpresa nos bastidores da política, justamente porque desde o início da carreira pública, Duarte foi um ferrenho crítico aos partidos de esquerda. Ele preferiu se aliar a essas siglas e não aceitar apoiar a coligação formada unicamente por partido de direita, encabeçada por Tião Bocalom (PL) e Alysson Bestene (PP).
Em entrevista ao ContilNet nesta segunda-feira (14), o prefeito Tião Bocalom falou pela primeira vez sobre a decisão de Duarte apoiar a candidatura de Marcus Alexandre.
Apesar de dizer que não guarda mágoas do deputado, Bocalom deixou um recado para 2026: “Ele não terá espaço na direita”.
“O Roberto teve problemas seríssimos. Ele não pode mais dizer que é direita porque ele foi apoiar a esquerda. Ele vai ter muitas dificuldades nas próximas eleições. Dentro do grupo da direita não tem mais espaço para ele. Ele vai ter que dar o jeitinho dele e se agarrar com a turma da esquerda”, alfinetou.
‘Ele escolheu esse caminho’
Quando anunciou o apoio a candidatura de Marcus Alexandre, Duarte declarou que a escolha foi oficializada após votação dos candidatos a vereadores da chapa do Republicanos, que escolheram o candidato do MDB, ao invés do atual prefeito.
Contudo, durante a entrevista, Bocalom deixou claro que quem escolheu esse caminho foi o próprio deputado.
“Ele que escolheu esse caminho. Nós fizemos o convite, conversamos por diversas vezes para ver se ele ficava com a gente. O Marcio [Bittar] tentou diversas vezes. E outros atores também. Mas ele achou melhor ir se juntar com a turma da esquerda, com os comunistas que ele tanto falava”.
‘Perdeu a identidade’
O prefeito foi além e disse ainda que Duarte ‘perdeu a identidade de direita’. “Se era a identidade de esquerda que ele queria, agora ele tem”.
O outro lado …
Durante a campanha deste ano, Duarte chegou a dizer que achava ‘Bolsonaro melhor que Lula e Marcus melhor que Bocalom’. Em entrevista, o deputado fez a defesa de Marcus, que era taxado como ‘melancia’.
“Eu acredito que o Marcus se despiu do PT. Ele disse que o padrinho da candidatura dele não é o Jorge Viana, e sim o Flaviano Melo. Estou ao lado dele por conta do partido, e por estar junto com o meu partido, eu me sinto bem ao lado dele. Ele tem dado sua palavra, estou confiando que ele é do MDB e que ele não sai do MDB, e que não está andando com a esquerda. A esquerda é um apoio, e ele não pode negar apoio, e ele está correto”, disse na época.
De fato!
Dentre todas as alfinetadas dada durante a entrevista, uma chama a atenção e faz com que Bocalom tenha uma visão completa do jogo político. De fato Duarte terá uma campanha de reeleição difícil em 2026. Perdeu o apoio dos partidos de direita e vai ser forçado a se manter na aliança do MDB – que tem apenas 2 deputados estaduais, nenhum federal e nenhum senador -.