Furacões, enchentes, seca e tempestades de grande intensidade deixaram um rastro de destruição em partes do mundo ao longo do ano. Os impactos foram muitos: vidas perdidas, pessoas feridas, prejuízos financeiros, quebras de safras agrícolas e cidades devastadas.
As mudanças climáticas têm intensificado desastres. Essas alterações, segundo estudiosos do clima, são consequência da ação humana com poluição, desmatamento e queimadas.
Furacões violentos nos EUA
O ano de 2024 foi marcado por três furacões de grande impacto nos Estados Unidos: Milton, Helene e Beryl. Juntos, os fenômenos deixaram centenas de mortos e geraram prejuízos bilionários.
O furacão Helene foi o mais mortal. De categoria 4, ele atingiu a costa dos EUA em 26 de setembro e provocou inundações devastadoras na Flórida, Carolina do Norte, Carolina do Sul e Geórgia. As fortes chuvas deixaram comunidades inteiras do oeste da Carolina do Norte em ruínas.
Com 232 mortes confirmadas em seis estados, Helene se tornou o segundo furacão mais letal a atingir o país nos últimos 50 anos. As perdas econômicas foram estimadas em US$ 47,5 bilhões.
Em outubro, o furacão Milton atingiu a Flórida como uma tempestade de categoria 3. Embora menos destrutivo que Helene, ele foi considerado um dos mais perigosos dos últimos tempos pelas autoridades americanas. Milton deixou ao menos 11 mortos e gerou um prejuízo de US$ 50 bilhões.
@metropolesoficial O furacão #Milton chegou à #Flórida nessa quarta-feira (9/10), atingindo a costa oeste do estado perto de Siesta Key, no condado de #Sarasota. De acordo com um boletim divulgado às 20h30 pelo horário local pelo NHC (Centro de #Furacões dos #EUA), o #fenômeno deixou mais de 2,5 milhões de casas sem luz e causou vários alagamentos. Ventos de até 193 km/h foram registrados durante a noite e na orla houve ondas de até 2,1 metros. Milton foi rebaixado nesta quarta para a categoria 3 e, ao provocar ventos de até 144 km/h, passou para a categoria 1 nesta quinta-feira (10/10) de manhã, de acordo com o NHC. Agora, a maior preocupação das autoridades e da população são as fortes chuvas e o risco de inundações, que já atingem várias cidades. Uma onda de tornados também causa estragos. Segundo autoridades, foram registradas mortes numa comunidade de aposentados na cidade de Fort Pierce devido à onda de tornados, mas ainda não se sabe o número de vítimas. De acordo com o jornal The New York Times, equipes de busca e resgate atuam na tentativa de encontrar vítimas no local, mas Tonya Woodworth, porta-voz do Gabinete do Xerife do Condado de St. Lucie, disse ainda não estava claro quantas pessoas morreram. “A tempestade chegou. Fique em casa e não pegue a estrada”, disse o governador da Flórida, Ron DeSantis, em uma coletiva de imprensa pouco antes da chegada do furacão. #tiktoknotícias ♬ som original – Metrópoles Oficial
Outro fenômeno que chamou atenção foi o furacão Beryl, que se tornou o primeiro de categoria 5 a atingir o Caribe durante o mês de junho.
O rápido desenvolvimento da tempestade, associado ao aquecimento das águas do Oceano Atlântico, apontou para uma tendência preocupante de maior intensidade nas temporadas de furacões. Beryl deixou 11 mortos ao atravessar o Caribe, levantando alertas para a região.
Enchentes devastadoras na Espanha e no Brasil
Além dos furacões, 2024 foi marcado por enchentes catastróficas na Espanha e no Brasil. Na Espanha, temporais intensos atingiram Valência, Castilla-La Mancha e Andaluzia em novembro.
Com 216 mortos e 16 pessoas desaparecidas, a tragédia afetou diversas comunidades, especialmente idosos que tiveram dificuldades em alcançar zonas seguras.
A região de Valência foi a mais afetada, com 190 mortos, sendo 104 deles idosos com mais de 70 anos. Outras sete pessoas morreram em Castilla-La Mancha e uma em Andaluzia.
Entre as vítimas estrangeiras, destacam-se nove romenos, quatro marroquinos e quatro chineses. Segundo o Centro de Integração de Dados (CID) da Espanha, o fluxo rápido das águas pegou muitas pessoas de surpresa, especialmente as mais vulneráveis.
No Brasil, a maior enchente já registrada no Rio Grande do Sul, que ocorreu entre abril e maio de 2024, causou danos sem precedentes. Com 183 mortes confirmadas e 27 pessoas ainda desaparecidas, mais de 800 mil moradores foram diretamente afetados.
Das 497 cidades do estado, 484 sofreram com a invasão das águas, que destruíram casas, comércios, rodovias, estádios e equipamentos públicos. A catástrofe foi sentida na flora e fauna, com áreas de conservação destruídas e animais sendo deslocadas de suas regiões naturais.
Mesmo após o pico da crise, a população do Rio Grande do Sul ainda está tentando se recuperar de umas das piores tragédias climáticas do Brasil. A recuperação das cidades afetadas foi um processo lento, além do impacto psicológico e econômico dos moradores.
Seca extrema
Enquanto no Sul as chuvas castigavam a população, na região central do país a seca extrema se fazia presente. A forte estiagem atingiu as principais capitais do Centro-Oeste, com Cuiabá (MT), Goiânia (GO) e Brasília (DF) ficando mais de 150 dias sem registrar chuvas.
Outra capital que também passou pelo período de seca foi Belo Horizonte (BH), que passou por 175 sem chuvas. No Norte, o Rio Negro atingiu o menor nível em 122 de medição. Em outubro, a cota ficou em 12,66 metros e superou a marca negativa do mesmo período em 2023, quando foram anotados 12,7 metros.
Em Tabatinga, o Rio Solimões apresentou cota negativa de 1,99 m. Foi a pior da região. Em Parintins, região do Baixo Amazonas, o Rio Amazonas registrou nível negativa: 2,05 m. Outra localidade importante, Itacoatiara, assistiu ao Rio Amazonas com cota de apenas 0,41. A estiagem afetou mais de 700 mil pessoas.
Com tempo seco e com poucas chuvas, o cenário ficou propício para o aumento das queimadas em 2024. De janeiro a novembro de 2024, o Monitor do Fogo, do MapBiomas, apurou que foram consumidos pelo fogo 29,7 milhões de hectares, um aumento de 90% em relação ao mesmo período de 2023.
No ano passado, foram 14 milhões de hectares queimados. A área afetada pelos incêndios neste ano equivale ao tamanho do estado do Rio Grande do Sul. Em números absolutos, a Amazônia foi o bioma com maior área queimada, representando 57% do total, o equivalente a 19,9 milhões de hectares. O segundo bioma mais atingido pelo fogo foi o Cerrado, com 9,6 milhões de hectares.