O Progressistas foi o partido mais vitorioso no Acre nas eleições de 2024. A sigla elegeu mais da metade dos prefeitos no interior do estado e dobrou o número de gestores nos municípios em comparação com as eleições de 2020.
No entanto, parece que há algo na Executiva Municipal do partido na capital que impede o Progressistas de assumir o posto de protagonista em Rio Branco.
Em 2024, o partido abriu mão de ter candidatura própria na disputa pela Prefeitura de Rio Branco e optou por apoiar a reeleição de Tião Bocalom (PL), apesar de a sigla contar com a Casa do governador do Estado, três deputados federais e três deputados estaduais. Vale lembrar que a cúpula do partido em Rio Branco decidiu ‘expulsar’ Bocalom da sigla e, meses depois, teve que se render ao prefeito, que agora está no PL.
Bocalom saiu como um mártir. Expulso do PP, foi acolhido pelo PL, partido do ex-presidente Bolsonaro, que até então não tinha um líder maior no Acre. Foi o achado perfeito. E, de quebra, ainda recebeu toda a cúpula do PP de volta na sua chapa. Com isso, obteve o apoio da máquina inteira do Governo, o que impulsionou sua reeleição nas eleições deste ano.
É preciso destacar ainda que, em 2020, com a eleição de Bocalom, o Progressistas quebrou um jejum de anos ao conseguir eleger um prefeito na capital – mesmo Bocalom tendo disputado o posto sem o apoio do líder maior do partido, o governador Gladson Cameli.
Um novo cenário
Contudo, agora, de olho na disputa pela presidência da Câmara Municipal, o Progressistas prioriza manter uma boa relação com Tião Bocalom e entrega, mais uma vez, o protagonismo ao prefeito.
O partido decidiu anular as candidaturas de Elzinha Mendonça e Samir Bestene, ambos muito bem votados, para apoiar o candidato escolhido pelo prefeito, o vereador Joabe Lira, que, apesar de ser um bom nome e um novato no parlamento, é um dos maiores articuladores políticos que surgiram nos últimos anos. Foi eleito vereador e agora caminha para assumir a cadeira mais importante do parlamento mirim.
Lhe credenciou
Joabe foi um dos nomes mais próximos de Bocalom. Está no grupo dele há anos e fez um excelente trabalho enquanto esteve à frente da Secretaria de Cuidados com a Cidade. Isso tudo o credenciou para disputar a presidência da Câmara.
Não agradou
A cúpula do Progressistas na capital vem sendo criticada por alguns vereadores do partido por abrir mão de dialogar com a bancada e decidir apoiar o nome abraçado por Bocalom.
“Cada vereador do PP tem a sua história, seus interesses, seus projetos. Abrir mão da candidatura anula tudo isso”, disse um parlamentar à coluna.
Hipóteses
O Progressistas quer manter uma boa relação com o prefeito, justamente pelo fato de o partido ocupar o gabinete do vice-prefeito. Em alguns anos, o partido sofreu ao ver a péssima relação entre Gladson e Major Rocha – na época, vice-governador pelo PSDB.
Mais recentemente, o partido viu a relação de Bocalom e Marfisa Galvão – vice-prefeita – ser extremamente abalada, o que foi prejudicial para a Prefeitura de Rio Branco.
A cúpula e, principalmente, o governador não querem repetir esse cenário e farão de tudo para manter a paz entre Bocalom (PL) e Alysson Bestene (PP). Acontece que, ao tomar essa decisão sem levar em consideração o quadro do partido na capital, o Progressistas corre o risco de criar um racha interno e esvaziar a sigla em Rio Branco.