Turistas brasileiras têm apartamento invadido e são agredidas por assaltantes armados em Paris

Quatro amigas estavam hospedadas em um Airbnb quando sete homens invadiram o apartamento; elas relatam descaso da polícia francesa e do Consulado brasileiro

Brasileiras que estavam a turismo em Paris, na França, foram agredidas com violência por sete homens que invadiram armados o apartamento alugado pelas amigas na noite do dia 16 de novembro.

Nesta semana, uma das vítimas, a influenciadora Marcela Carvalho relatou nas redes sociais os momentos de horror vividos pelo grupo. Segundo a vítima, os criminosos roubaram colares, telefones, bolsas e, até, os documentos de todas as brasileiras.

Brasileiras que estavam a turismo em Paris, na França, foram agredidas com violência por sete homens /Foto: Reprodução

À Itatiaia, a influenciadora contou que foi até Paris para uma viagem sozinha. Ela passou pela capital francesa, foi para a Holanda e depois retornou a Paris. Lá, Marcela soube que outras três amigas estavam na capital francesa e decidiu alugar um Airbnb (plataforma de aluguel de apartamentos por temporada) para que elas passassem os últimos dias da viagem juntas.

No entanto, o apartamento foi invadido por sete homens armados na última noite de viagem.

“No dia 16 de novembro, por volta das 20h, duas amigas saíram para ir no shopping. Eu estava passando um pouco mal e fiquei com outra amiga no apartamento. Essas amigas discutiram por coisas fúteis no shopping e decidiram voltar separadamente para o apartamento. Primeiro, a amiga que chegou não sabia a senha das portarias. Ela ligou, a gente falou a senha e ela entrou e ficamos tranquilas. A nossa outra amiga mandou mensagem falando que estava chegando, e a campainha tocou em menos de cinco minutos. A amiga que brigou foi lá abrir a porta e virou as costas, foi quando ela já foi enforcada e a gente assustou”, contou.

Segundo Marcela, os criminosos agiram de forma extremamente violenta e todos estavam armados.

“Chegaram sete homens armados, gritando muito em francês, mas a gente não entendia. Eles puxaram minha amiga pelo cabelo, já arrancando as joias. Eles perceberam que a gente não estava entendendo e começaram a gritar: ‘la plata’, ‘la plata’. Eles levaram eu e uma outra amiga para o quarto e bateram muito na gente. No quarto, eles começaram a revirar tudo, arrombaram a mala, jogaram as coisas no chão procurando dinheiro”, relembra.

Criminoso tentou matar influenciadora, mas tiro não a acertou

A influenciadora afirma que ficou em pânico e não parava de gritar, o que incomodou os assaltantes. Um deles chegou a atirar na direção dela, mas o disparo não a atingiu.

“Eu não percebia que estava gritando. Aí ele armou o revólver e colocou na minha cara para me dar um tiro. Na hora que ele apertou, não sei o que aconteceu, mas a bala pulou da arma e caiu no chão. Ali eu vi que a arma não era de mentira e pensei que eles iam nos matar. Um outro assustou, pegou a arma e começou a dar coronhadas na nossa cabeça”, conta.

Enquanto o assalto acontecia, a quarta amiga do grupo aguardava as brasileiras abrirem a porta para ela. Marcela conta que a amiga tocava o interfone sem parar e pensou que o restante do grupo não estava abrindo por raiva. “Ela só percebeu que era um assalto quando eles desceram. Ela viu eles saindo com as nossas bolsas penduradas”, detalha.

A amiga que chegou por último se deparou com o apartamento inteiramente quebrado e as amigas agredidas no chão. Ela viu um dos telefones caído no chão e chutou o aparelho para escondê-lo debaixo do sofá, mas a cena foi vista por um dos criminosos, que também a agrediu.

Brasileiras relatam descaso de autoridades francesas: ‘desumanos’

O grupo afirma que procurou a polícia francesa, mas que foram maltratadas na delegacia.

“Eles foram desumanos, não deixaram nem eu vestir roupa, fui para a delegacia com a roupa rasgada, de chinelo, em um frio de três graus. Lá a gente ficou presa, não podia sair, ir no banheiro. Ficamos prestando depoimentos contando o que aconteceu e provando que realmente a gente estava a turismo, que a gente não era garota de programa ou alguém que foi tentar roubar o trabalho de um francês”, diz Marcela.

A influenciadora afirma que mostrou o imposto de renda, Instagram, o trabalho dos parentes para comprovar que tinha dinheiro como estar ali como turista.

“Depois que eles viram, pediram desculpas e disseram que mulher viajando sozinha não era uma coisa comum. E que levariam a gente pra fazer corpo de delito, mais de 24 horas depois”.

Após voltarem da delegacia, as amigas descobriram que a plataforma do Airbnb havia cancelado a estadia delas no apartamento, como “forma de segurança”. Elas saíram do apartamento e ficaram sem ter onde ficar em Paris.

As brasileiras ainda contam que conseguiram rastrear os telefones roubados e a localização indicava que todos estavam no mesmo local, a quatro ruas do apartamento. Elas informaram a polícia, reconheceram os assaltantes, mas foram ignoradas.

Amigas relatam que consulado brasileiro também não prestou nenhum tipo de ajuda

No dia seguinte, elas foram até o consulado brasileiro e não puderam entrar. Após explicarem que tiveram os passaportes roubados, elas foram informadas de que deveriam mandar um e-mail para o consulado. No entanto, elas não tinham nenhum telefone ou computador disponível.

“Escrevi uma carta de próprio punho e deixei a carta lá. Assim que eu entreguei a carta, eles disseram que tínhamos que ir embora, mesmo sem ler a carta. Minhas amigas tiveram que ir embora e eu fiquei no Consulado chorando. O segurança disse que se eu não saísse, ele ia chamar a polícia francesa para mim”, contou Marcela.

Uma funcionária recomendou que a influenciadora fizesse uma denúncia formal no Itamaraty e emprestou um celular para que ela comunicasse o que aconteceu para a família. O grupo de amigas conseguiu, então, ir para o aeroporto para voltar ao Brasil.

Itamaraty e Airbnb dizem que prestaram apoio às brasileiras

Procurado pela Itatiaia, o Itamaraty informou que prestou auxílios às brasileiras, mas que não pode passar mais detalhes do caso devido à Lei de Acesso à Informação. “O Ministério das Relações Exteriores, por meio do Consulado-Geral do Brasil em Paris, acompanhou o caso e prestou assistência consular às nacionais brasileiras”, informou a pasta em nota.

A reportagem também entrou em contato com o Airbnb, plataforma em que as vítimas alugaram o apartamento invadido. “O Airbnb leva casos como este muito a sério, reembolsou integralmente a reserva e continua a oferecer suporte à hóspede”, respondeu o site.

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