Na última quinta-feira, 16, a expectativa era de que os ônibus da Ricco, uma das principais empresas de transporte coletivo de Rio Branco, ficassem paralisados em um protesto legítimo dos funcionários, que enfrentam uma situação de descaso por parte da empresa. No entanto, a paralisação foi suspensa após os trabalhadores receberem seus salários atrasados, mas a indignação e o descontentamento permanecem.
Os relatos dos funcionários são alarmantes. Além dos salários em atraso, os vale-refeição dos servidores também estavam irregulares, e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não vinha sendo depositado. Essa combinação de problemas financeiros gerou uma onda de insatisfação que culminou em uma paralisação significativa. Na segunda-feira anterior, 70% das atividades da empresa foram interrompidas, o que causou transtornos à população, que se viu obrigada a recorrer a carros de aplicativo para se deslocar.
As empresas de transporte coletivo, como a Ricco, têm lucrado exorbitantemente ao longo dos anos, mas continuam a oferecer ônibus velhos, em sua maioria, e em péssimas condições. Enquanto os lucros crescem, a realidade dos funcionários é de penúria.
A paralisação, que começou às 8 da manhã da última segunda-feira, só foi encerrada após os trabalhadores serem convocados para uma reunião com a empresa. O acordo que foi feito, embora tenha trazido alívio momentâneo, não apaga a preocupação com a falta de compromisso da Ricco em honrar suas obrigações com os funcionários. A situação expõe uma falta de respeito que não pode ser ignorada, refletindo uma cultura de desvalorização do trabalho e das pessoas que, diariamente, se dedicam para manter a mobilidade da cidade.
Os trabalhadores da Ricco desempenham um papel crucial na sociedade, assegurando que milhares de pessoas possam se deslocar em busca de trabalho, estudo e outras atividades essenciais. No entanto, a falta de investimentos em condições de trabalho dignas e a ausência de um tratamento justo e respeitoso por parte da empresa colocam em risco não apenas a subsistência dos colaboradores, mas também a qualidade do serviço prestado à população.
É fundamental que a sociedade, os órgãos competentes e os próprios usuários do transporte coletivo se mobilizem em apoio aos trabalhadores, exigindo uma postura mais responsável da Ricco. A valorização dos profissionais que atuam nos ônibus deve ser uma prioridade, não apenas por questões éticas, mas também pelo impacto direto que isso tem na vida de todos os cidadãos de Rio Branco.
A situação dos funcionários da Ricco é um alerta sobre a necessidade de políticas mais justas e eficazes no setor de transporte público, que garantam não apenas a continuidade do serviço, mas também o respeito e a dignidade dos trabalhadores que o fazem funcionar.