Semsa envia mais de 10 amostras de casos suspeitos de H3N2; cobertura vacinal é inferior a 50%

A Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa) enviou para fora do Estado pouco mais de 10 amostras de casos suspeitos da variante H3N2 do vírus da gripe influenza A. O resultado deve chegar em até 30 dias.

A mutação do vírus já foi registrada em diversos estados brasileiros, como Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador, resultando, inclusive, na superlotação de unidades de saúde e um óbito em Pernambuco.

“Não descartamos a possibilidade de a variante já estar circulando pela cidade, mas enviamos os casos suspeitos para análise”, disse o assessoria de comunicação da Semsa à reportagem do ContilNet.

Nesta terça-feira (21) diversas unidades de saúde da capital registraram filas enormes para atendimento de pessoas com sintomas moderados da doença.

De acordo com especialistas, o aumento dos casos durante o mês de dezembro no país é um fenômeno incomum, que pode estar associado à baixa cobertura vacinal contra a gripe, à flexibilização das medidas de restrição adotadas como prevenção à Covid-19 e ao relaxamento da etiqueta respiratória, que inclui o uso de máscaras, a higienização das mãos e o distanciamento social.

A pasta informou que a capital acreana ainda não atingiu a marca de 50% da população imunizados contra a influenza, mesmo com as vacinas disponíveis desde o início do ano nos postos. “As pessoas ficaram muito atentas ao coronavírus e esqueceram de se vacinar contra influenza. O vírus da gripe é também nocivo e pode matar”, continuou.

Para ampliar a cobertura vacinal, a Prefeitura de Rio Branco decidiu estender o horário de funcionamento da Urap Vila Ivonete até às 22h, a partir desta terça-feira (22). Além disso, haverá vacinação durante o mesmo horário em vans instaladas no Novo Mercado Velho e na Praça Plácido de Castro.

Vigilância dos vírus Influenza: subtipo H3N2

No Brasil, a vigilância do vírus Influenza, causador da gripe comum, é realizada por três centros de pesquisa: o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, o Instituto Adolfo Lutz, de São Paulo, e o Instituto Evandro Chagas, no Pará.

A partir de amostras recebidas de unidades de saúde de todos os estados e do Distrito Federal, os pesquisadores realizam análises e o monitoramento do perfil genético do vírus.

O virologista Fernando Motta, do Laboratório de Vírus Respiratórios e do Sarampo do Instituto Oswaldo Cruz, afirma que as linhagens do vírus influenza em circulação neste momento no país não apresentam variações genéticas que sejam desconhecidas pela comunidade científica.

Segundo ele, os casos estão associados principalmente à linhagem “Darwin” do vírus Influenza A (H3N2), que foi a cepa predominante da mais recente temporada de gripe no hemisfério Norte. Diferentemente do novo coronavírus, os nomes das linhagens do vírus da gripe são definidos de acordo com as cidades onde as amostras do vírus foram identificadas e isoladas em laboratório.

Uma das hipóteses para o aumento de casos no Brasil é que a linhagem Darwin não está incluída na composição das atuais vacinas em uso no hemisfério Sul. Seguindo a recomendação da OMS, de 2020, os produtores de vacina incluíram as linhagens de Influenza A/Victoria/2570/2019 (H1N1), A/Hong Kong/2671/2019 (H3N2) e B/Washington/02/2019 (B/linhagem Victoria).

Em geral, as campanhas nacionais de vacinação contra a gripe no Brasil têm início no mês de abril, antecipando a chegada do inverno, com o objetivo de proteger o organismo de pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, imunossuprimidos e pessoas com comorbidades.

O Instituto Butantan, produtor das vacinas da gripe aplicadas no país pelo Sistema Único de Saúde (SUS), informou em um comunicado que os imunizantes atualizados começarão a ser fabricados em janeiro.

Para o pesquisador da Fiocruz, a possível antecipação da campanha de vacinação no país deve ser avaliada a partir do acompanhamento do cenário epidemiológico da doença nas próximas semanas.

“É uma circulação fora de época do vírus, pode ser que ela não se sustente. Existe uma grande probabilidade dela aparecer em outras partes do país. O adiantamento da campanha seria bom em vários aspectos, para debelar essa situação de surtos e reduzir a circulação viral”, diz Motta. “A vacinação em fevereiro seria boa também para auxiliar os estados da região Norte que apresentam circulação antecipada de Influenza em comparação com os estados do Sul e Sudeste”, completa.

Com informações da CNN Brasil.

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