Um adulto jovem pode acrescentar pelo menos uma década à sua expectativa de vida se se afastar da típica dieta ocidental, que inclui carne vermelha e processada e optar por uma alimentação com mais legumes, verduras, grãos e castanhas.
Enquanto a longevidade de alguém na casa dos 20 aumenta mais de dez anos, na faixa dos 60, embora o ganho seja menor, não é nada desprezível: em média, oito anos – é o que mostra estudo divulgado anteontem na revista científica “PLOS Medicine”.
Seu autor é Lars Fadnes, da Universidade de Bergen, na Noruega, que usou dados do Global Burden Diseases (Carga Global de Morbidade), um programa que conta com 1.800 pesquisadores de 127 países e avalia o impacto de mortalidade e incapacitação causadas por 107 doenças. De acordo com o programa, somente os fatores de risco relacionados à alimentação estão por trás de 11 milhões de mortes por ano.
No fim de janeiro, um outro estudo, publicado no “Journal of Nutrition”, apontava que utilizar o alimento como “medicamento” pode ser tão eficiente quanto os remédios para baixar o colesterol. Liderado pelo cardiologista Stephen Kopecky, da Clínica Mayo, o trabalho consistiu numa intervenção alimentar.
Duas vezes por dia, os pacientes com hiperlipidemia ingeriam uma pequena porção de produtos formulados especificamente para baixar o LDL, o chamado colesterol ruim. Em média, a taxas caíram 9% em 30 dias, com casos de redução de até 30%.
Na verdade, os produtos utilizados, chamados Step One Foods – que variam de barras de chocolate a smoothies – são feitos inteiramente de ingredientes naturais, como nozes, amêndoas, chia e berries. Sua formulação inclui fibras, esteróis vegetais, ácidos graxos Ômega 3 ALA (ácido alfa linolênico) e antioxidantes.
Os pesquisadores ainda compararam os resultados do Step One Food com marcas disponíveis no mercado que apregoam virtudes para a saúde. O consumo desses produtos similares, realizado durante um mês, não levou a qualquer alteração do colesterol.
“Nutrição contribui para cinco dos sete fatores de risco modificáveis para a doença coronariana, mas continua sendo muito desafiador fazer com que os pacientes mudem sua dieta. O estudo mostra que podemos produzir um grande impacto com uma intervenção pequena”, afirmou a médica Elizabeth Klodas.
Em outra frente de trabalho, Esra Tasali, diretora do centro de estudos sobre o sono da Universidade de Chicago, e pesquisadores da Universidade de Wisconsin-Madison indicaram que dormir pode ser uma ferramenta eficiente para perder peso.
Num ensaio clínico randomizado, publicado no dia 7 deste mês na “JAMA Internal Medicine”, ela e seus colegas descobriram que adultos com sobrepeso, que dormiam menos de 6.5 horas por noite, conseguiam aumentar em pouco mais de uma hora o período de descanso depois de receber orientação sobre técnicas de higiene do sono – uma série de recomendações para garantir um repouso de qualidade.
O repouso estendido diminuiu, em média, a ingestão de 270 calorias por dia, o que, numa projeção de três anos, significaria uma perda de peso de 12 quilos. A experiência tentou interferir o mínimo possível na vida dos participantes, que dormiram em suas camas, monitoraram o próprio sono com dispositivos digitais e mantiveram a rotina sem qualquer exigência de dieta ou exercício.
“Sabemos que situações de restrição do sono têm um efeito na regulação do apetite, levando a pessoa a comer mais. Por isso queríamos investigar qual seria o resultado se conseguíssemos estender o período de descanso”, afirmou a doutora Tasali.