Polícia enfrenta cavernas, animais peçonhentos e mata fechada para capturar acreanos no RN

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski afirmou que não há prazo para a captura dos presos

Uma reportagem da Inter TV, filiada da Rede Globo, trouxe à tona os desafios que os policiais estão enfrentando nas bucas pelos acreanos Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, foragidos da penitenciária federal de Mossoró desde a madrugada do último dia 14 de fevereiro.

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As dificuldades se devem à vegetação e à fauna da região, que tem como bioma a Caatinga.

Policiais fizeram buscas por fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró no Parque Nacional Furna Feia/Foto: Divulgação

“Mata fechada, grutas, animais peçonhentos como cobras, aranhas e escorpiões, forte insolação, calor e a época de chuva na região são alguns dos empecilhos enfrentados pelos mais de 500 agentes envolvidos na ação de recaptura”, destaca a reportagem.

“Embora a gente possa ter árvores com 18 ou 20 metros, o normal são árvores com média de três a cinco metros de altura, e uma área embaixo muito emaranhada, muito fechada, com espinhos, com plantas que se enrolam uma nas outras e formam verdadeiras camas de gato. E como estamos no período de chuva, a mata fica bem densa, fechada”, afirma Leonardo Brasil, gestor do Parque Nacional Furna Feia, localizado há 6,5 km ao Norte do presídio.

Buscas acontecem na área do Parque Nacional Furna Feia — Foto: Reprodução

Buscas acontecem na área do Parque Nacional Furna Feia/Foto: Reprodução

“A região com mata não é uma área de fácil deslocamento. Para ser rápido, tem que ser por trilhas de caçador, de gado, de ciclistas”, complementa.

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ao alegar que a complexidade do terreno é um ponto de dificuldade para os trabalhos, também afirmou que não há prazo para a captura dos presos.

Gruta no Parque Nacional Furna Feia, entre Mossoró e Baraúna — Foto: ICMBio/Divulgação

Gruta no Parque Nacional Furna Feia, entre Mossoró e Baraúna/Foto: ICMBio/Divulgação

O parque preserva uma área com mais de 8,5 mil hectares do bioma da Caatinga e ainda conta com uma zona de amortecimento que começa a 2 km do presídio, próximo à RN-015. Somada à unidade, a zona compreende 25 mil hectares, o equivalente a aproximadamente 25 mil campos de futebol. Segundo Leonardo, embora as grutas não sejam comuns em todas as áreas de caatinga do Nordeste, são uma característica da região Oeste potiguar.

Criada em 2012 e gerida pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), a unidade de conservação é a que contabiliza o maior número de cavernas por hectare, no país, segundo o gestor. São 207 grutas dentro da área de preservação, além de outras 44 no entorno, na chamada zona de amortização.

O parque possui 56% de sua área no município de Baraúna e os 44% restantes em Mossoró. Segundo o gestor, juntos, os dois municípios possuem mais de 300 grutas.

Vista panorâmica do Parque Nacional Furna Feia — Foto: Isis Evelen/ICMBio/Divulgação

Vista panorâmica do Parque Nacional Furna Feia/Foto: Isis Evelen/ICMBio/Divulgação

O parque e a área no entorno também contam com animais peçonhentos e felinos como a Jaguatirica. Nos lajedos de rocha calcária, é possível encontrar serpentes perigosas, como a jararaca e cascavel, que vão a esses locais em busca de presas, tais como ratos e mocós. Também há aranhas e escorpiões na área.

Segundo o Leonardo, que é biólogo, além da mata nativa, a região ainda possui fazendas de fruticultura irrigada, com plantações de mamão e banana, por exemplo, que podem ser usadas como esconderijo pelos foragidos.

Aranha encontrada no Parque Furna Feia, no RN — Foto: Isis Evelen/ICMBio/Divulgação

Aranha encontrada no Parque Furna Feia, no RN/Foto: Isis Evelen/ICMBio/Divulgação

Características da região

  • Vegetação de caatinga fechada, com árvores com média de três a cinco metros de altura.
  • A região é quente, tem forte insolação e está no período de chuvas.
  • Os municípios de Mossoró e Baraúna contam com mais de 300 grutas que podem ser usadas como esconderijo.
  • Há presença de animais peçonhentos como cobras jararaca e cascavél, além de aranhas e escorpiões. Também existem felinos na região.
  • Além da mata nativa, a fruticultura irrigada também gera hectares de terras que podem ser usados como esconderijos.

Mudança de rotina

O gestor declarou que as forças de segurança realizaram buscas pelos foragidos dentro da unidade de conservação, mas não confirmou se agentes continuam na área. Desde a fuga dos presos, as equipes que trabalham dentro da unidade também passaram por mudanças na rotina. As atividades de pesquisa, monitoramento e educação ambiental foram interrompidas. Os fiscais ambientais andam armados.

“No caso das atividades de manutenção e prevenção e combate a incêndio, eu pegava uma equipe de brigadistas e botava dois lá na frente, 500 metros na frente outros dois, para eles irem fazendo a manutenção da cerca. Agora a equipe está andando em grupos maiores, para evitar alguém ficar exposto. Estamos tomando cuidado maior para não deixar equipamentos em cima dos carros, trancando os carros e levando a chave junto, aumentando a atenção”, afirmou.

Com informações do G1.

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