O prefeito de Sena Madureira, Mazinho Serafim (MDB), comportou-se, na semana passada, como um dos personagens da fábula “O Sapo e o Escorpião”, com ele no segundo papel, claro. Antes de contar o fato, convém contar a fábula.
Conta a fábula que certa vez estavam à beira de um rio um sapo e um escorpião, ambos necessitando atravessar o riacho. Limitado como nadador e vendo o tamanho da largura do rio, o escorpião propõe o sapo: – você me leva para o outro lado, em suas costas?
E o sapo, claro, não aceitou: – levo nada, de jeito nenhum. Você é a mais traiçoeira das criaturas. Se eu te ajudar, você me mata em vez de me agradecer.
– Mas, se eu te picar com meu veneno – respondeu o escorpião com uma voz terna e doce, morro também. Me dê uma carona. Prometo ser bom, meu amigo sapo.
O sapo, enfim, concordou.
Durante a travessia do rio, porém, o sapo sentiu a picada mortal do escorpião.
– Por que você fez isso, escorpião? Agora nós dois morreremos afogados! – disse o sapo.
E o escorpião simplesmente respondeu:
– Porque esta é a minha natureza, meu amigo sapo. E eu não posso mudá-la.
Mais parecido com Mazinho Serafim e o governador Gladson Cameli, impossível. Na mesma semana em que os dois pareciam ter reatado antigas relações políticas estremecidas a partir de declarações do prefeito desqualificando o governador com menos de 60 dias de sua posse, Mazinho Serafim voltou a ser Mazinho Serafim.
Mesmo com quando a Prefeitura de Sena Madureira recebeu mais de R$ 800 mil para trabalhar a recuperação de ramais do município, uma parceria que vem sendo feita pelo governo com todas as prefeituras, o prefeito voltou a atacar Gladson Cameli, dizendo-se perseguido.
Deu-se numa entrevista à Rádio Dimensão, lá mesmo de Sena Madureira, na semana passada. A pretexto de jactar-se de sua própria existência, o prefeito disse que é um homem que não vive de politicagem, que trabalha e que, além de ter uma empresa, ainda é o prefeito de Sena Madureira.
“Estou aqui para contribuir com a minha cidade, que eu amo e que escolhi para morar e ficar. Hoje, eu posso dizer que eu sei os problemas dessa prefeitura toda. Sei de dívida milionárias que eu não foi eu que fiz não. É coisa lá de trás, dos anos 90. Pode puxar isso que eu tenho para mostrar. Dívidas milionárias que foram deixadas por prefeitos e prefeitas, com receita federal, com quase 18 milhões com a Eletroacre. Eu vou mostrar isso para a população. Estou pagando a minha conta e a que ficou para trás”, disse.
Seguindo a linha de desabafo, Mazinho Serafim criticou o governador por ter deixado pouco mais de R$ 800 mil reais e ter saído dizendo que deixou R$ 1 milhão. “Saio falando besteiras aí nas redes pessoais sobre minha pessoa própria (sic). Quando piso um pouquinho no calo de um, eles á gritam. E ficam usando rádio pública… uma vergonha. A gente passou 20 anos para tirar o PT por conta de perseguição, hoje eu estou sofrendo mais perseguições de que quando era o PT. O que me deixa triste é isso”, disse o prefeito, em declarações gravadas e em poder da reportagem.