O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta, disse que as supostas reações da vacina contra o HPV em adolescentes no Acre são de fundo emocional. A afirmação foi feita ao vivo, nesta segunda-feira (12), durante o programa Roda Viva, da TV Cultura, que teve o médico e ex-deputado como entrevistado.
“Uma síndrome de convulsões que são de fundo emocionou pegou um grande número de adolescentes. Eu acho que o Acre ficou muito traumatizado por causa desse episódio”, disse, ao ser questionado pela microbiologista Natalia Pasternak sobre a redução de 70% da cobertura vacinal anti-HPV no estado e uma possível interferência de setores conservadores do governo na política de imunização.
“Eu coloquei a USP [Universidade de São Paulo], os neurofisiologistas, psicólogos, equipe completa, trouxe de avião pra esclarecer aquilo. Mas aí entrava esse povo terraplanista pelo meio e era muito difícil”, completou o ex-ministro.
Cerca de 80 jovens que tomaram a vacina relataram, a partir de 2015, dores de cabeça, dores nas pernas, dificuldades para andar, além de desmaios e, em casos mais graves, convulsões.
Um longo estudo feito pelo Instituto da Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP concluiu que as supostas reações adversas foram um surto de estresse decorrente do medo da imunização.
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O problema é conhecido cientificamente como crise psicogênica em massa, uma ansiedade contagiosa provocada, sobretudo, pela ampla exploração dessas supostas reações na imprensa e nas redes sociais por grupos anti-vacinas.
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