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Uma denuncia grave foi divulgada pela imprensa nacional na manhã desta terça-feira (26). O Governo de Rondônia teria incluído em sua contabilidade leitos disponíveis à população infectada por COVID-19, que estariam inativos.
Essa suposta ação indevida se deu para evitar que o Governo decretasse um isolamento mais restritivo nas cidades do Estado onde a pandemia está avançando de forma violenta, em especial a capital, Porto Velho.
Publicamente declarado apoiadores do Governo Federal, a cúpula do Executivo rondoniense sempre teve como proibida a palavra ‘lockdown’. Porém, tiveram que decretar toque de recolher na capital após o risco de pessoas morrerem nas calçadas por falta de leitos, isso de acordo com o prefeito da cidade, Hildon Chaves.
Nesta última segunda-feira (25) pacientes de Porto Velho tiveram de ser transferidos para o Sul do país por falta de leitos.
Denuncia feita pelo MP
A denuncia partiu do Promotor Geraldo Henrique Guimarães, coordenador estadual da força tarefa da covid19 do MP/RO. Um inquérito civil foi aberto nesta terça (26) para apurar os fatos e buscar a punição dos responsáveis.
De acordo com o promotor Geraldo Henrique Guimarães, em declaração ao portal de notícias Uol, a fraude teria ocorrido entre os meses de dezembro e janeiro, fazendo com que o Estado perdesse tempo e levasse a capital ao colapso atualmente vivido.
“As adulterações já evidenciadas fizeram com que perdêssemos tempo precioso para nos prepararmos para o pior”, afirma Guimarães ao Uol.
Ele também garantiu que o Ministério Público levantou evidencias de que o relatório do Governo apontava mais leitos que realmente possuía para socorrer as vítimas da pandemia.
“O promotor de plantão detectou duas ou três pessoas na fila de espera na madrugada, sendo que no relatório diário apontava a existência de 15 leitos vagos. Foi quando eu conversei com o secretário [de Saúde, Fernando Máximo] e falei: ‘Olha, tem alguma discrepância aí. Os leitos que os senhores indicam no relatório diário não estão coincidentes com a realidade.’ Eu inclusive o alertei da consequência do crime de falsidade ideológica. Eles estavam adulterando um relatório que poderia levar, de uma hora para outra, o nosso estado a uma situação caótica, a exemplo de Manaus”, disse Geraldo Guimarães ao Uol.
Governo foi procurado
O promotor ainda afirmou que procurou o governo do Estado para alertar sobre a gravidade dessas ações que estariam sendo tomadas. De acordo com ele, a conversa foi com o secretário de Saúde, Fernando Máximo.
“Procurei o secretário de novo e fiz outro alerta: vocês estão adulterando o relatório para não ter que regredir Porto Velho, ou seja, para não contrariar os interesses dos comerciantes, dos empresários. Foi quando eu dei um ‘xeque-mate’ neles. Eu falei: os senhores vão responder por falsidade ideológica se continuarem adulterando o relatório”, disse.
Segundo o promotor nesse dia da conversa com Máximo , os dados fraudados, estava 67% de ocupação dos leitos, contando os 30 leitos, sendo que se tirassem os leitos inativos a realidade era de 87,5%, o que levaria Porto Velho para a fase um, medida que o Governo não queria.
O plano de ação de combate à COVID-19 em Rondônia é realizado de acordo com a ocupação de leitos de UTI e clínicos disponíveis à comunidade.
Não se manifestou
A reportagem do Rondoniaovivo entrou em contato com a assessoria de comunicação do Governo de Rondônia, que até o momento não se posicionou sobre o fato.