Apesar de ter quase 200 pessoas com Covid-19 em uma fila, à espera por leitos, o Amazonas está há dez dias sem transferir pacientes para outros estados.
A última viagem foi feita no dia 10 de fevereiro, para o Rio de Janeiro, na qual foram transferidas 13 pessoas. Ao todo, 558 já foram levadas para tratamento fora, sendo 542 com Covid. O número representa pouco mais de 1/3 do prometido pelo ministro da saúde, Eduardo Pazuello, que disse que seriam, ao menos, 1,5 mil transferências.
O Amazonas enfrenta colapso no sistema de saúde, após um aumento no número de casos, internações e mortes por Covid-19. Até a sexta-feira (19), o estado já havia registrado um pouco mais de 303 mil casos da doença, e mais de 10 mil mortes.
O estado também passou por uma crise de abastecimento de oxigênio e o governo montou uma operação para abrir novos leitos e para transferir pacientes para outros estados.
Ao G1, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-AM) disse que as transferências não estão suspensas, mas só acontecerão caso não haja oferta de leitos em Manaus e se houver paciente com perfil moderado e estáveis para viajar de avião.
Segundo o boletim epidemiológico da Fundação de Vigilância e Saúde (FVS-AM) de sexta-feira (19), o estado tem 175 pessoas com Covid esperando um leito, seja clínico ou de UTI. Durante o colapso no estado, eram mais de 600 pacientes com Covid nessa fila.
Em Manaus, são 86, sendo 81 na rede pública (60 à espera de um leito clínico e 21 de UTI), e cinco na rede privada, enquanto no interior são 89 (49 clínicos e 40 de UTI).
Atualmente, a taxa de ocupação em leitos de UTI Covid na capital está em 90,85%, e 80,49% em leitos de UTI geral. Em relação aos leitos clínicos, há 68,11% de ocupação para Covid, e 73,25% geral.
Os pacientes com Covid que ainda aguardam por transferência estão em unidade de baixa ou média complexidade, como SPAs e UPAs. O G1 questionou a SES sobre o motivo desses 175 ainda aguardarem transferência, e aguarda resposta.
Segundo a SES, houve redução da demanda de pacientes com o perfil para viagens aéreas longas, definido nos protocolos estabelecidos para a ação. O perfil para as viagens é de pacientes moderados por conta dos protocolos de segurança do paciente com Covid-19 que podem agravar durante o vôo.
O secretaria de Saúde também alegou que passou a priorizar as remoções intermunicipais, de pacientes do interior para a capital. Desde então, foram trazidos de avião para hospitais de Manaus 47 pacientes de Parintins, Coari, Tefé, São Paulo de Olivença e Tabatinga.
As transferências para outros estados começaram a ser realizadas no dia 15 de janeiro, um dia após a capital enfrentar o primeiro dia da falta de oxigênio. Ao todo, 18 estados se prontificaram em receber os doentes.
Até o dia 10 deste mês, já foram transferidos 542 pacientes com Covid-19 e 16 pacientes com câncer. Até a tarde de quarta-feira (17), balanço mais recente, 335 pacientes receberam alta médica e 63 foram a óbito.