Acadêmicos de medicina da UFAC cobram retorno das aulas Online e estratégias de ensino na pandemia

A reportagem do ContilNet recebeu nesta quinta-feira (25), uma reclamação dos integrantes da 19° turma do curso de medicina da Universidade Federal do Acre (Ufac), que além de cobrar o cronograma de vacinação dos estudantes, buscam um posicionamento sobre o início das aulas remotas e práticas.

De acordo com os representantes da turma, as aulas teóricas e práticas das turmas de medicina da instituição foram interrompidas no dia 17 de março de 2020, em razão da pandemia do coronavírus, quando optou-se por retirar os alunos dos campos de prática e aguardar uma situação favorável ao retorno.

Após 7 meses parados, algumas disciplinas teóricas foram retomadas via ensino remoto no mês de outubro do ano passado, fato este que não contemplou todas as matérias previstas para o semestre 2020/21, uma vez que não havia um planejamento para as disciplinas com créditos práticos.

Em meio ao impasse, ocorreram várias reuniões das instâncias superiores e foi decidido que o semestre até então parado, iria retornar integralmente no mês de março.

Entretanto, nos últimos dias, uma reviravolta está acontecendo: os campos de aulas práticas, estão lotados, com isso, não comportam mais os acadêmicos, especialmente pela falta de profissionais para auxiliar na recepção dos alunos.

“Muitos professores estão cogitando o cancelamento das disciplinas em detrimento dessa situação. Mesmo na iminência do início do semestre, previsto para o dia 25 de março, não temos posicionamento se teremos as disciplinas ou não, visto o risco de suspensão das mesmas”, declararam os alunos, por meio de nota.

Além disso, os acadêmicos vivem a expectativa de serem incluídos na lista de vacinação prioritária, afirmando que isso foi prometido pelo governo. A reclamação, segundo eles, é que o impasse impacta em um certo atraso da formação.

O QUE DIZ A UFAC

Também por meio de nota, A Ufac diz que haverão reuniões institucionais para deliberação sobre o início de aulas práticas e remotas, porém, reiterou que objetivo da universidade é a preservação da vida.

“As disciplinas com carga horária prática, que não podem ser ministradas de forma remota, serão ofertadas no próximo semestre, dependendo da situação epidemiológica”, diz a nota.

Nota de esclarecimento

A Ufac, por meio da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), esclarece que parecer do Comitê de Prevenção e Contenção da Covid-19 da instituição, composto por professores do curso de Medicina, em resposta ao ofício n.º 88/2021/CVSS/DSQV/Prodgep/Ufac, orienta que as aulas do semestre 2020.1 só podem ser realizadas de forma remota. As disciplinas com carga horária prática, que não podem ser ministradas de forma remota, serão ofertadas no próximo semestre, dependendo da situação epidemiológica.

As decisões e definições sobre o formato de ensino são condicionadas ao cenário epidemiológico nos municípios em que a Ufac desenvolve suas atividades acadêmicas e sempre submetidas à avaliação do Comitê de Prevenção e Contenção da Covid-19. A prioridade é a preservação da vida e saúde da comunidade acadêmica.

Como exposto no parecer do comitê, atualmente o Estado do Acre encontra-se em nível de emergência (bandeira vermelha), conforme resolução n.º 18, de 28 de fevereiro de 2021, publicada no Diário Oficial do Estado do Acre. Em 22 de março de 2021 constataram-se 65.959 infectados e 1.190 óbitos no Estado.  Além disso, os sistemas de saúde público e privado estão em colapso, com filas de espera nas UTIs.

A Ufac esclarece também que o Acre, assim como o Brasil, enfrenta uma nova variante brasileira do coronavírus, que provavelmente emergiu em Manaus no fim de 2020 e que pode ser 2,2 vezes mais transmissível do que outras variantes do vírus, podendo causar ainda nova infecção em indivíduos já infectados pela covid-19.

Com o objetivo de buscar condições mais seguras e diminuir prejuízos acadêmicos, a gestão superior realiza reuniões com docentes e estudantes e levará proposta ao Conselho Universitário para que disciplinas teórico-práticas possam ser iniciadas neste semestre de forma remota (carga horária teórica) e sejam retomadas no semestre subsequente (carga horária prática).

A Ufac agradece aos alunos por suas memoráveis atuações no combate ao coronavírus no início desta pandemia, pelas vidas que foram preservadas por meio dos equipamentos de proteção individual produzidos nos campi da universidade, pela produção de álcool em gel, sabonete e máscaras, pelos atendimentos on-line, entre diversos outros projetos; e pede compreensão neste momento difícil para todos.

As decisões tomadas são sempre no intuito de preservar a vida e jamais de prejudicar a comunidade universitária. A luta é para que cada aluno siga sua trajetória acadêmica, partindo da matrícula institucional até a obtenção do diploma de nível superior e de pós-graduação. É preciso sempre lembrar que não há futuro sem vida. E a vida é o bem maior da humanidade.

 

NOTA DE ESCLARECIMENTO DOS ALUNOS DA XIX TURMA DE MEDICINA DA UFAC

Prezados docentes, discentes, servidores e demais componentes da comunidade acadêmica,
ESCLARECEMOS que:

Na semana em que se inicia o semestre letivo 2020/1, aprovado pela Resolução CONSU N° 19, de 05 janeiro de 2021, os alunos do curso de medicina da Universidade Federal do Acre encontram-se sem previsão de um retorno real das atividades acadêmicas, até mesmo no modelo à distância (EaD), como foi adotado por outras Faculdade de Medicina do Brasil, como USP, UNICAMP e Uninorte.

Desde março de 2020 sem aulas, momento em que tiveram as últimas aulas presenciais, discentes que já estariam atualmente no estágio de internato, seguem há mais de um ano no mesmo período letivo, estagnados. De modo semelhante ao ocorrido com turmas anteriores da UFAC, as informações fornecidas aos alunos são vagas e muitas vezes inexistentes, demonstrando não haver um planejamento verídico e palpável para o andamento do curso diante da situação atípica de pandemia.

Durante esse período de mais de um ano, foi ofertada a possibilidade de cursar de forma remota e emergencial algumas disciplinas, com início em outubro de 2020 e encerramento em janeiro de 2021. Esse fato não contemplou todas as matérias previstas no semestre 2020.1 para a XIX turma, que se encontra no 7º período, uma vez que não houve um planejamento para as disciplinas com créditos práticos.

Com carga horária reduzida e poucas disciplinas, finalizou-se o período de ensino remoto e, após isso, conforme calendário acadêmico aprovado e divulgado, após as férias dos docentes, as aulas retornariam em 25 de março de 2021, com a disponibilização integral das disciplinas para conclusão do semestre 2020/1, acompanhada da expectativa do reinício das aulas de modo presencial ou híbrido com prioridade ao retorno das práticas nos hospitais, visando permitir o avanço no curso e a formação de novos profissionais, assim como também contribuir e aprender.

De fato, as disciplinas foram ofertadas, bem como as solicitações de matrícula atendidas. Porém, os estudantes não esperavam deparar-se com a negativa de alguns professores em dar aulas (mesmo teóricas) e a tentativa de cancelamento de disciplinas por parte de outros.
Os campos de práticas, já superlotados no momento anterior à pandemia, agora não comportam mais o estágio de turmas do ciclo clínico do curso, como o 7º período, especialmente pela falta de profissionais para auxiliar na recepção dos alunos. Muitos professores estão cogitando o cancelamento das disciplinas em detrimento dessa situação.

Apesar da promessa de vacinação aos estudantes da área da saúde e da liberação da Secretaria Estadual para as práticas, de modo organizado de acordo com cada bandeira vivida pelo estado, não temos posicionamento ou organização para sabermos se o retorno acontecerá, se o mesmo será adiado ou se nem chegará a acontecer.
Esse atraso, infelizmente é ruim para vários setores. O atraso da formação de profissionais médicos, tão escassos em tempos caóticos como este que estamos vivendo piora ainda mais o colapso da saúde. Com a falta das práticas curriculares obrigatórias, as turmas acabam sendo barradas da entrada no internato, isso também afeta negativamente as demais instâncias da saúde porque, mesmo sendo estudantes, os médicos em formação auxiliam no fluxograma de atendimento e manejo dentro dos hospitais.

Compreende-se que a situação é atípica, que o cenário é preocupante e que é preciso cautela em decisões como a retomada de atividades práticas em instituições hospitalares. Mas o fato de que várias faculdades, públicas e privadas, inclusive locais, já retomaram essas atividades de forma adaptada à situação, em comparação à postura da UFAC, deixa os estudantes indignados. Nesse sentido, esperava-se que um ano fosse suficiente para a organização e adaptação à pandemia, mas a realidade que encontramos é a de um curso se esvaindo.

Por fim, expressamos nosso descontentamento com:

1. A desorganização da coordenação do curso em permitir o surgimento de incertezas acerca de um semestre que será iniciado dentro de um dia.
2. A omissão da coordenação do curso sobre o planejamento da carga horária prática das disciplinas do ciclo clínico em meio a pandemia.
3. O desalento dos docentes que buscam o cancelamento da disciplina, sem ao menos propor estratégias de adaptação ao atual cenário.
4. A inatividade do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto frente ao desabastecimento do corpo docente.
5. O descaso dos docentes que se recusam a utilizarem novos métodos de ensino e serem flexíveis quanto à oferta de disciplinas.
6. A falta de comunicação das instâncias superiores com os acadêmicos, que por vezes sofreram com a desinformação.

A pandemia veio para salientar o papel vital do profissional de saúde no bem da sociedade, há chegado a hora de valorizarmos a formação dos futuros profissionais.

Em prol de um melhor cenário na educação médica acreana, a XIX turma de medicina da UFAC cumprimenta toda a comunidade acadêmica.

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