Gato – Zagueiro saiu do interior do Amazonas para brilhar no futebol acreano

Nascido no dia 25 de outubro de 1982, na pequena Guajará, cidade do estado do Amazonas, a 20 Km de Cruzeiro do Sul, o cidadão José Edjane Pinto de Matos, conhecido como Gato (apelido herdado do pai), cedo demonstrou uma classe acima da média com a bola nos pés. Tanto que ainda na adolescência ele passou a integrar os times adultos da sua cidade natal.

Mas ele demorou a entrar no mundo do futebol profissional. Foi somente aos 25 anos, depois de vestir as camisas de vários times amadores de Guajará-AM, entre os quais o São Francisco, o Periquito, o Guajará, o WG e o Avaí, que o então quarto-zagueiro ingressou no Náuas, de Cruzeiro do Sul, convidado pelo radialista e técnico Adelcimar Carvalho, o Dedeu.

“Eu não passei por categorias de base. No interior não tem muito disso não. Um menino que se destaca já vai logo entrando na fogueira, no meio dos caras mais velhos. Pra falar a verdade, eu nem pensava em jogar fora do meu município. Mas quando a oportunidade surgiu eu fui para o Náuas, sendo muito bem recebido pelo técnico Gualter Craveiro”, disse Gato.

De futebol ao mesmo tempo clássico e viril, o quarto-zagueiro Edjane Matos, o popular Gato, só precisava mesmo de uma única oportunidade para mostrar a sua bola.

Tanto que acabou jogando em alto nível durante 12 anos, defendendo, além do Náuas, os seguintes times: Independência, Acreano (Rodrigues Alves), Plácido de Castro, Amax, Galvez e Guaporé-RO.

Título único e nomes importantes

Nos 12 anos como jogador profissional, Gato sagrou-se campeão acreano apenas uma vez: em 2013, pelo Plácido de Castro, numa decisão contra o Rio Branco.

Antes, em 2010, chegou ao vice-campeonato pelo Náuas, também num confronto com o mesmo Rio Branco. Em ambos os casos, segundo ele, tanto o Plácido como o Náuas tinham ótimos elencos.

A maior alegria dele, entretanto, não foi a conquista de 2013. De acordo com Gato, felicidade mesmo, apesar da derrota, foi enfrentar o Santos, na Copa do Brasil de 2016, jogando pelo Galvez.

E a maior decepção foi perder para o Figueirense, na Copa do Brasil de 2014, jogando pelo Plácido. “Nós fizemos um a zero, mas eles viraram”, disse o ex-zagueiro.

Sobre grandes nomes do futebol acreano, Gato não hesitou em citar o técnico Nilton Nery, que o dirigiu no Plácido de Castro em 2013, e o árbitro Antônio Neuricláudio, que, de acordo com o ex-zagueiro, “além de profundo conhecimento das regras do jogo, se dirigia aos atletas de maneira educada, sem deixar de perder a moral, nem permitir que alguém se excedesse.”

Quanto a uma seleção do seu tempo de boleiro, o ex-zagueiro preferiu não escalar onze titulares, limitando-se a citar os nomes de caras que, na opinião dele, jogavam muita bola.

Casos de Máximo, Gilson, Zagallo, Cóida, Rogério, Joel, Bergson, William, Renan, Pé de Ferro, Marcelo Brás, Gustavo, Eduardo, Paulinho Pitbull e Doni. “Só craques”, afirmou Gato.

Passado, presente e futuro

Gato fez questão de citar, ainda dentro dessa questão de grandes nomes do seu tempo de bola, o atacante que lhe dava mais trabalho.

“Sem dúvida, o cara mais difícil de marcar era o Marcelo Brás. Ele era forte, rápido e chutava bem. Tinha que ser marcado em cima”. E quanto aos grandes parceiros em campo, ele listou Zagallo, Darlan, Aislan, Rogério e Flávio.

Entendendo que o futebol acreano do passado tinha mais qualidade, Gato disse que nada está perdido e tudo pode voltar a ser até melhor do que antes. Na opinião dele, para que isso venha a acontecer, basta que apareçam investidores.

“Não se faz futebol sem investimento. E os clubes sozinhos não podem chegar muito longe, bancar folhas muito altas”, tratou de explicar.

No tocante ao que um garoto que está dando os primeiros passos no mundo do futebol deve fazer para galgar degraus em clubes dos mais variados locais, seja do Brasil ou do exterior, o ex-zagueiro tem a fórmula pronta.

“Primeiro, o cara tem que acreditar no próprio potencial. Depois, se dedicar nos treinamentos. E, por último, fazer a divulgação do seu trabalho.”

Dois anos depois de pendurar as chuteiras, Gato voltou para a sua Guajará natal e atualmente presta serviços na Secretaria Municipal de Esportes. Mas não descarta, num futuro próximo, voltar ao mundo da bola.

“Entre os meus planos de futuro estão a criação de uma escolinha de futebol aqui em Guajará, para dar apoio aos futuros craques”, finalizou Gato.

Fac símile da página de Esporte do Jornal Opinião deste domingo (7) de março 2021.

 

(Foto: Reprodução/Manoel Façanha)

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