A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) convocou os governadores dos 11 Estados interessados em importar a vacina russa Sputnik V para explicar em detalhes as dificuldades que o órgão regulador vem enfrentando para avançar com a autorização para o uso emergencial do imunizante no país.
A proposta inicial da agência é que a reunião aconteça na terça-feira (6), mas a confirmação vai depender das agendas dos governadores. Manifestaram interesse em comprar as vacinas os governadores de Acre, Bahia, Rio Grande do Norte, Maranhão, Mato Grosso, Piauí, Ceará, Pernambuco, Pará, Sergipe e Rondônia.
Devido à lentidão da vacinação no país, é crescente a pressão política para a liberação de mais vacinas, mas a atual falta de informações sobre a Sputnik V inviabiliza qualquer possibilidade de autorização. Desenvolvida pelo laboratório Gamaleya, a vacina é representada no Brasil pela União Química.
A ideia da Anvisa é que os governadores mudem a direção da pressão e ajudem a obter, junto à empresa, os dados técnicos pendentes. “Faltam informações brutas que permitam análise e conclusão”, disse uma fonte na agência. “Se fosse para concluir hoje, a conclusão seria que não é possível concluir por falta das informações”, completou.
Na quarta-feira passada, a Anvisa confirmou o recebimento de dados complementares da vacina, no âmbito do processo de autorização emergencial. Foram encaminhadas informações sobre os locais de fabricação do imunizante e documentos relativos às práticas farmacêuticas desses mesmos locais.
De acordo com a agência, no entanto, ainda há pendências. O último pedido de uso emergencial da Sputnik V foi protocolado no dia 26 de março. Antes, contudo, já houve outras tentativas frustradas de liberar o imunizante.
Para efeito de comparação, até o final de março haviam sido encaminhadas à Anvisa pouco mais de 1 mil páginas com informações sobre a vacina russa. O processo referente ao uso emergencial da Janssen, autorizado na semana passada, continha mais de 28 mil páginas, segundo apurou o Valor.
“O que pretendemos é realizar uma apresentação técnica aos governadores para que possamos falar a mesma língua. Para que eles entendam nossa dificuldade. Talvez eles possam nos ajudar a conseguir essas informações (pendentes)”, explicou um técnico da agência.