O explante de silicone, procedimento estético para fazer a retirada da prótese de silicone, tem se tornado cada vez mais comum.
Os motivos variam entre complicações derivadas do uso da prótese e a busca pela sensação de liberdade ou de um corpo mais natural.
Mesmo com a alta demanda das cirurgias de implante , a procura pelo explante de silicone cresceu 10,7% entre 2018 e 2019, de acordo com dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (na sigla original, Isaps).
Para o cirurgião plástico Regis Ramos, o aumento na busca do explante de silicone está muito relacionado à maior aceitação física .
Paradoxalmente, esse também tende a ser um fator determinante para a escolha de colocar a prótese de silicone.
A empresária e ex-BBB Amanda Djehdian recorreu à cirurgia aos 20 anos devido à baixa autoestima, decorrente de comentários maldosos que recebeu sobre seu corpo .
A partir da vida adulta, ela decidiu que tentaria “consertar” o que quer que estivesse “errado” com seu corpo.
“Ouvia comentários do tipo ‘você tem um bumbum grande, mas se tivesse seios maiores ficaria melhor’ ou ‘por que você não põe silicone? É muito mais bonito mulher com seios redondinhos’. Quando você está insegura, isso entra na sua cabeça feito uma bomba”, explica.
“A gente nunca pensa muito sobre o que o silicone vai agregar na nossa vida, e acho que esse é o problema”, diz a cantora Clau, que realizou o procedimento de explante de silicone no início de 2021. Para ela, o silicone foi “uma vontade momentânea, um desejo de se sentir mais bonita”.
Clau diz que a possibilidade de retirar a prótese surgiu quando ela virou dentro de seu corpo, algo considerado comum e que pode ser consertado com a troca da prótese.
Até então, ela não sabia que o explante de silicone existia. “Quando soube disso, refleti sobre o que queria, sobre as consequências positivas e negativas. Decidi que tirar seria melhor para minha vida e minha saúde”, afirma.
Doença do Silicone
Para Djehdian, a realidade foi outra. A empresária precisou recorrer ao explante de silicone por motivos de saúde.
Ela afirma ter sido vítima da Doença do Silicone . Anos após colocar a prótese, ela percebeu que o corpo dava sinais:
primeiro, o cabelo passou a cair; depois veio a fadiga crônica, as alterações de peso, dores musculares e dores de cabeça. Ela também teve sintomas como coriza, sudorese noturna, hipoglicemia, visão turva e perda de memória.
Djehdian passou por uma bateria de exames, que não identificou anormalidades. Até que passou 30 dias com dores intensas, que pensou serem relacionadas ao período menstrual.
Ao postar sobre isso em seus stories no Instagram, ela recebeu orientações de uma seguidora que a apresentou a dois perfis que indicavam os problemas relacionados às proteses de silicone.
Menos de dois meses depois, ela optou pelo explante de silicone. “Queria muito me livrar deles, porque estavam me causando dor, intoxicando o meu organismo. Sabendo de todos os malefícios, não tinha motivos para ficar com as próteses”, afirma.
Ver essa foto no Instagram
Ramos explica que as complicações precoces mais comuns ligadas à prótese são hematomas, enquanto o tardio é a contratura muscular.
O cirurgião plástico Mário Farinazzo acrescenta que queda precoce da mama, formato inestético e rippling (ou seja, dobra da prótese que pode ser vista ao abaixar) também são comuns.
O profissional explica que a Doença do Silicone acontece quando o organismo produz anticorpos contra o silicone em tanta quantidade que eles se voltam contra o próprio corpo. No entanto, a Doença do Silicone segue como uma incógnita.
Isto porque, segundo comunicado da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), divulgado em fevereiro deste ano, não existem dados científicos suficientes ou exames próprios que comprovem a ligação entre as complicações e os implantes de silicone.