‘Minha filha chama por ele e não sei o que dizer’, diz companheira de homem morto após furto

A dona de casa Paula Santos, companheira de Bruno Barros, um dos homens encontrados mortos com sinais de tortura, na segunda-feira (26), em Salvador, disse nesta sexta (30), durante um protesto, que a filha do casal, de 12 anos, está em choque com o crime.

A família relata que um deles enviou áudios pedindo dinheiro para pagar carnes que eles teriam furtado de um supermercado.

Paula Santos, casada com Bruno há 15 anos, informou que a garota está abalada psicologicamente e que não sabe como auxiliar a filha.

“Ele era um pai carinhoso, atencioso. Tinha um amor enorme por essa filha. Filha única. E hoje estou com minha filha em casa, chamando pelo nome dele, e eu nem sei o que dizer”, disse a mulher.

Segundo Paula, o companheiro, que tinha 29 anos, trabalhava como ajudante de pedreiro e estava desempregado. Ela afirmou que espera por justiça.

“Eu não vou poder tapar esse buraco que ficou nela [na filha]. Mas que Deus me ajude a suprir metade do que ela vai precisar de agora em diante”, afirmou.

Familiares protestam pela morte de dois jovens que foram mortos após roubo de carne

No final da manhã desta sexta-feira, parentes e amigos de Yan Barros e Bruno Barros fizeram uma manifestação em Fazenda Coutos, onde eles moravam.

Logo depois, eles foram até a unidade do supermercado Atacadão Atakarejo, que fica no mesmo bairro.

Os dois foram encontrados mortos na noite de segunda-feira, na localidade da Polêmica. De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo.

Familiares e amigos de mortos após furto em supermercado fazem protesto no bairro da Fazenda Coutos — Foto: Diego Barreto / G1 BA

Familiares e amigos de mortos após furto em supermercado fazem protesto no bairro da Fazenda Coutos — Foto: Diego Barreto / G1 BA

Entenda o caso

Tio e sobrinho foram mortos após terem furtado carne em supermercado — Foto: Arquivo pessoal

Tio e sobrinho foram mortos após terem furtado carne em supermercado — Foto: Arquivo pessoal

Na noite de segunda-feira (26), dois homens foram mortos na localidade da Polêmica, em Salvador.

De acordo com a Polícia Civil, eles foram torturados e atingidos por disparos de arma de fogo.

À época, a polícia informou que a motivação do crime estava relacionada ao tráfico de drogas.

Um dia depois, na terça-feira (27), eles foram identificados como Bruno Barros e Yan Barros.

Na quinta-feira (29), a mãe de Yan, Elaine Costa Silva, revelou que ele foi morto após ter sido flagrado pelos seguranças do hipermercado Atakarejo por furtar carne no estabelecimento.

Segundo ela, o tio de Yan, Bruno, que também foi morto, enviou áudios a uma amiga informando o que tinha acontecido e pedindo ajuda para não ser entregue aos traficantes do Nordeste de Amaralina.

Por meio de nota, o Atakarejo informou que é cumpridor da legislação vigente, e atua rigorosamente comprometido com a obediência às normas legais, e que não compactua com qualquer ato em desacordo com a lei.

Disse também que os fatos questionados envolvem segurança pública e que certamente serão investigados e conduzidos pela autoridade pública competente.

Em nota, o Ministério Público da Bahia informou que ao tomar conhecimento do fato envolvendo Bruno Barros e Yan Barros, adotou as providências cabíveis nesta fase preliminar de apuração, autuando uma notícia de crime e encaminhando ao Núcleo do Júri da Capital.

Já a Polícia Militar informou que a 40ª CIPM não foi acionada para atender a ocorrência. No entanto, assim que tomou conhecimento, por meio de populares, de que teria ocorrido de um possível furto no estabelecimento comercial no bairro de Amaralina, a unidade deslocou uma equipe até o local. Quando chegou, funcionários não confirmaram o fato.

A Polícia Civil informou que algumas testemunhas foram ouvidas na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa e as investigações estão avançadas.

Segundo o órgão, já há indicativo de autoria. As equipes da unidade realizam diligências e mais detalhes não podem ser divulgados para não interferir no andamento das apurações.

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