Nova variante da Covid-19 é encontrada em Belo Horizonte, aponta pesquisa

Uma possível nova variante da Covid-19 foi identificada em Belo Horizonte (MG) por pesquisadores do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Grupo Hermes Pardini, em colaboração com o Laboratório de Virologia Molecular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e com a Prefeitura da capital. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (7).

No estudo, foram sequenciados 85 genomas da região metropolitana de Belo Horizonte. Desses, dois demonstram a presença de um conjunto único de 18 mutações nunca antes identificadas em genomas do vírus causador da doença. Em nota, o grupo disse que “esses dois novos genomas estão em amostras coletadas nos dias 27 e 28 de fevereiro de 2021 e não existem evidências de ligação epidemiológica entre ambas, como parentesco ou região residencial, o que reforça a plausibilidade de circulação desta nova possível variante”.

As amostras analisadas são correspondentes ao período entre 28 de outubro de 2020 e 15 de março de 2021. “Os resultados da pesquisa requerem urgência de esforços de vigilância genômica na região metropolitana de BH e estado de Minas Gerais para a avaliação da situação destes novos variantes de SARS-CoV-2”, escreveu o grupo.

Em entrevista ao portal O Tempo , a coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento do Pardini, Danielle Zauli, disse que “é a primeira vez que há descrição da nova possível variante. Não havia sido descrita anteriormente. Ainda não sabemos o que ela pode causar. As mutações que ela possui, sempre no mesmo local, na proteína S, podem ou não estar relacionadas com aumento de transmissibilidade. Acabamos de descobrir, ainda não sabemos”.

A pesquisadora destacou que, mesmo com a descoberta, as medidas sanitárias recomendadas continuam sendo as mesmas praticadas desde o início da pandemia , e que não há motivo para “pânico”. “Isolamento, álcool em gel e máscara. É preciso ter cada vez mais vigilância, principalmente na região metropolitana de BH. Pode ser que essa variante esteja em outros locais do país, mas precisamos ter muito cuidado. Gera um certo pânico, mas não sabemos, ainda, nada sobre ela”, conclui.

Ainda de acordo com o estudo, as cepas de Manaus e do Reino Unido são as mais comuns na capital mineira. “As variantes P.1, P.2 e B.1.1.7 possuem mutações críticas no gene codificante da proteína de espícula viral (S), como E484K ou N501Y, envolvidas no aumento da transmissibilidade e no escape imunológico”, aponta o relatório.

Abaixo, seguem as novas linhagens descobertas no estudo:
P.1 (30 amostras; 35,29%)
P.2 (41 amostras; 48,23%)
B.1.1.28 (8 amostras; 9,41%)
B.1.1.7 (3 amostras; 3,53%)
B.1.1.143 (1 amostra; 1,17%)
B.1.235 (1 amostra; 1.17%)
B.1.1.94 (1 amostra; 1.17%)
*Sob supervisão de Valeska Amorim

PUBLICIDADE