AC tem transmissor de bactéria que causou doença e matou homem no MS

Depois que o Estado do Mato Grosso anunciou que um homem de 33 anos morreu diagnosticado com febre maculosa – doença transmitida pela picada do carrapato-estrela, cujo principal hospedeiro é a capivara – a reportagem do ContilNet procurou a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) para saber se o Acre já tem casos notificados ou confirmados pela região.

O fato é que tanto o hospedeiro (capivara) como o transmissor (carrapato-estrela) são encontrados em todo o Estado, que já teve notificação registrada em 2017, quando uma pessoa apresentou sintomas da doença, mas teve o resultado do exame negativo.

A febre maculosa pode causar inflamação do cérebro, paralisia e insuficiência respiratória ou renal, além de afetar órgãos como o coração, fígado, baço, pâncreas, colocando em risco a vida do paciente. Os principais sintomas são febre alta, mal-estar generalizado, dores de cabeça e abdominais, náusea, vômito, diarreia e manchas avermelhadas pela pele.

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As capivaras são as principais hospedeiras da bactéria/Foto: Reprodução

Para transmitir a doença, o carrapato precisar ter recebido do hospedeiro a bactéria Rickettsia rickettsii e, em seguida, se fixar no corpo de uma pessoa.

De acordo com o chefe do núcleo de zoonose da Sesacre, Francisco Euzir da Costa, um estudo elaborado em parceria com a Universidade Federal do Acre (Ufac) já foi realizado em setembro de 2020 para identificar a espécie de carrapato no Acre e se os aracnídeos possuíam a bactéria. O resultado foi negativo.

“Embora tenhamos o hospedeiro e o transmissor em grande quantidade no Acre, os carrapatos estudados não estavam com a bactéria que transmite a doença”, destacou.

Os estudos sobre o quadro clínico e as espécies envolvidas já viraram até pesquisa de mestrado na Ufac. Uma investigação com novos carrapatos está sendo conduzida para verificar se a bactéria está presente neles e deve ter seu resultado divulgado nos próximos dias.

Euzir garantiu que o carrapato-estrela tem habitats diversos e pode, inclusive, estar no quintal de uma residência, a procura de qualquer animal de estimação. Ele explicou que cachorros, gatos e outros pets, que não são roedores, não são hospedeiros da bactéria.

“Mesmo que os pets não roedores não sejam hospedeiros da bactéria, precisamos tomar todos os cuidados, mantendo a limpeza dos espaços, especialmente onde os bichos transitam”, finalizou.

A Sesacre orienta que pessoas com sintomas da doença busquem as unidades de Saúde.

Febre Maculosa

A transmissão geralmente ocorre quando o artrópode permanece aderido ao hospedeiro por um período de 4 a 6 horas.

Não existe transmissão da doença de uma pessoa para outra.

Os primeiros sintomas aparecem de dois a 14 dias depois da picada. Na imensa maioria dos casos, sete dias depois.

No Brasil, há casos nos estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, mas não é impossível que ocorram em outros lugares.

Existe vacina contra a febre maculosa brasileira, mas ela não é indicada como rotina porque sua proteção é parcial, além de a doença ser muito pouco frequente e ter tratamento rápido, fácil e barato.

Diagnóstico

A reação de imunofluorescência indireta (RIFI) é um exame específico para o diagnóstico da febre maculosa brasileira. Até por volta do décimo dia da doença, podem não ser encontrados anticorpos pelos exames sorológicos. Dessa forma, é importante que uma segunda amostra seja coletada mais tarde (por indicação do Ministério da Saúde, entre 14 e 21 dias após a primeira coleta).

Tratamento

A febre maculosa brasileira tem cura desde que o tratamento com antibióticos (tetraciclina e clorafenicol) seja introduzido nos primeiros dois ou três dias. Em geral, a partir de sete dias sem tratamento, as lesões causadas pela doença são irreversíveis e dificilmente se consegue evitar o óbito.

O ideal é manter a medicação por dez a 14 dias, mas logo nas primeiras doses o quadro começa a regredir e evolui para a cura total.

Atraso no diagnóstico e, consequentemente, no início do tratamento pode provocar complicações graves, como o comprometimento do sistema nervoso central, dos rins e pulmões, das lesões vasculares e levar ao óbito.

Com informações do doutor Drauzio Varella. 

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