A WarnerMedia, ao anunciar a chegada da HBO Max à América Latina em 29 de junho, afirmou que o objetivo é se tornar o maior serviço de streaming na região.
Mas o que ela oferece ao usuário para tentar superar a liderança regional estabelecida pela Netflix, que estreou há dez anos no Brasil, mercado então em pleno crescimento?
Foi a primeira pergunta ao argentino Tomás Yankelevich, vice-presidente executivo e diretor de conteúdo da WarnerMedia. A resposta imediata foi o preço.
“Acreditamos que isso vai nos ajudar, especialmente numa região em que a economia não está como nós gostaríamos que estivesse.”
Yankelevich, de 43 anos, começou como diretor e produtor em Buenos Aires e é de família ligada à TV há quatro gerações. Seu bisavô, nascido na Bulgária, é citado como o “pai da televisão argentina”.
Hoje vivendo nos Estados Unidos, sede da Warner, acredita que o preço “vai ajudar pelo menos a fazer bastante barulho, ‘buzz’, dando a chance de mostrar o conteúdo”.
No Brasil, a mensalidade da HBO Max vai de R$ 14,21 (pagamento anual, para aparelhos móveis) a R$ 28 (pagamento mensal, todos os aparelhos).
A da Netflix vai de R$ 21,90 (com definição menor e direito a um acesso) a R$ 45,90 (definição maior, quatro acessos simultâneos). Também na mesma faixa e com só seis meses no Brasil, a Disney+ sai mensalmente por R$ 23,32, com um pagamento anual, ou R$ 27,90, pagando por mês.
Mas o trunfo para o executivo, inclusive contra o Amazon Prime Video, que corre em faixa própria e vem de baixar a mensalidade de RS$ 14,90 para R$ 9,90, é o conteúdo.
O lançamento desta quarta listou as atrações, de séries como “Friends” e “Game of Thrones” a filmes como “Coringa” e “Mulher-Maravilha 1984”, de desenhos da Cartoon Network às produções da DC.
“Queremos neste momento ser o mais ‘mainstream’ possível. Queremos complementar a qualidade da HBO com o catálogo da Warner. Queremos que as pessoas descubram nosso conteúdo”, diz Yankelevich, citando ainda as produções adquiridas no mundo.
“E no Brasil e no México, nós temos a Champions [Liga dos Campeões da Europa], todos os jogos.” São os mercados de maior peso na América Latina.
O executivo contratou há três meses Mônica Albuquerque, ex-diretora de desenvolvimento e acompanhamento artístico da Globo, que prospecta e gerencia atores, diretores e roteiristas da região.
“O Brasil é o maior território, então, é claro, a ideia de ter alguém que conhece perfeitamente o talento e o conteúdo relevantes no país foi algo que pensamos, mas o trabalho dela é regional.”
Além do Brasil, ela atua com equipes no México, na Argentina, na Colômbia e outros e poderá reunir profissionais de diferentes países para uma produção. Questionado sobre a eventual concorrência em produção com a Globo, o executivo responde que, tanto no Brasil quanto no México, o quadro é semelhante.
“Eles têm duas grandes potências na produção, Globo e Televisa. Se acreditássemos que iríamos vencer essas potências locais no futuro próximo, seríamos ingênuos.”
“Nos posicionamos como número dois em termos de produção original, depois dessas potências, mas número um acima do restante. Falo das outras redes e das outras plataformas”, acrescentou.
Em conteúdo, a HBO Max projeta ir além das ofertas costumeiras de produção própria nos serviços de streaming, avançando não só por futebol, mas reality shows como Pop Divas, a ser apresentado por Pabllo Vittar e Luísa Sonza, The Cut e Jornada Astral.
O reality Big Brother Brasil foi uma das apostas mais bem-sucedidas do Globoplay, o streaming parcialmente por assinatura do Grupo Globo.
Ainda sobre as potências locais de produção, Yankelevich diz querer “jogar com eles, coproduzir conteúdo”. “Não temos portas fechadas para coproduzir algo que possa viver nos dois mundos, na nossa plataforma e nas plataformas deles e em TV linear depois.”