A venda de medicamentos sem eficácia comprovada do tratamento da Covid-19 cresceu subitamente nos 12 meses seguintes ao primeiro registro de caso da doença no país. De acordo com a pesquisa do Conselho Federal de Farmácia (CFF), a ivermectina e a hidroxicloroquina foram os mais procurados pelos brasileiros. O crescimento foi de 857%, que equivale a mais de 81 milhões de unidades, e 126%, que são 2,5 milhões de caixas, respectivamente.
A pesquisa mostra que foram parar na casa dos brasileiros 486,5 quilos do vermífugo (ivermectina) e 1,02 tonelada do antimalárico (hidroxicloroquina). O antibacteriano azitromicina também aparece na pesquisa com 71% de aumento nas vendas, que são pouco menos de 42 milhões de unidades e 20,9 toneladas.
Entre abril de 2018 e março de 2019, bem antes da pandemia, portanto, a compra de ivermectina chegou a 7,6 milhões de unidades; de hidroxicloroquina, foram 912 mil caixas; e de azitromicina foram 21,4 milhões de unidades.
O Conselho levantou os dados com ajuda da consultoria IQVIA para o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, 5 de maio. Segundo o CFF, “a pandemia deflagrou uma epidemia de uso irracional de medicamentos”. O monitoramento está sendo feito mensalmente desde março do ano passado.
Além dos danos à saúde causados pelo consumo desenfreado e sem a devida orientação, o Conselho tem outras duas novas preocupações: o descarte incorreto das sobras e os medicamentos vencidos. Para tentar combatê-los, o CFF está lançando uma campanha para conscientizar sobre os riscos do descarte em lixo comum, na pia e no vaso sanitário. A substância, dessa forma, volta à natureza em forma ativa e pode contaminar o lençol freático.
Em relação aos remédios que ficam esquecidos em casa, o Conselho alerta que, historicamente, as vítimas mais frequentes de intoxicações por medicamentos são as crianças.