No Acre, um engenheiro lotado na Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra) chega a cuidar de 15 obras ao mesmo tempo. A informação foi dada com exclusividade ao ContilNet pelo próprio secretário, Ítalo César de Medeiros, e expõe um problema que aflige vários setores do governo: o déficit de servidores técnicos.
A baixa quantidade desses profissionais, especialmente em pastas responsáveis por obras públicas, ocasiona atraso na execução de projetos. Por isso, muitas ações correm o risco de terem seus recursos, alocados por parlamentares federais, por exemplo, devolvidos a Brasília.
O problema se estenderia também à Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Regional (Sedur), ao Departamento de Estradas e Rodagens do Acre (Deracre), ao Departamento Estadual de Água e Saneamento (Depasa), entre outras pastas.
Na tarde da última segunda-feira (14), o governador Gladson Cameli (Progressistas) reuniu seu secretariado no auditório da Biblioteca Pública, no Centro de Rio Branco, em um encontro fechado, e teria demonstrado insatisfação em relação à velocidade no andamento de projetos e obras de algumas secretarias, entre elas a Seinfra e a Sedur.
O secretário Medeiros confirmou que o chefe do Executivo destacou a necessidade de que as obras saiam do papel com rapidez, sobretudo por uma preocupação com a geração de emprego e renda a uma parcela dos acreanos.
“Eu estava na reunião e de fato foi tratado do assunto, porém existe esse déficit de técnicos para tocar os projetos em tempo hábil. Estamos sofrendo muito com esse problema. O custeio da máquina é alto. Mas o governador tem ciência disso e vem nos ajudando a solucionar”.
De acordo com o gestor, o déficit de arquitetos e engenheiros civis e mecânicos, por exemplo, se deve ao limite de gastos com a folha de pagamento do governo, o que impediria a realização de concursos, sob risco de descumprimento da lei de responsabilidade fiscal.
A Seinfra conta hoje com cerca de 50 técnicos que atuam com obras. O ideal, segundo o gestor, é que pelo menos 30 novos profissionais sejam acrescidos ao corpo de servidores para dar conta das demandas.
Ele ressalta ainda que, por outro lado, há certa flexibilidade para contratação em áreas tidas como essenciais, como a segurança, a saúde e a educação. Para se ter ideia, enquanto Ítalo concedia entrevista ao ContilNet, o governo anunciava concurso público para a Saúde com até 1 mil vagas, o que pôs fim à greve de médicos, enfermeiros, odontologistas, trabalhadores de apoio, entre outros.