O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou neste domingo que o seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, teve bloqueado o seu acesso a um sistema interno da pasta. Ricardo denunciou suspeitas envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.
O parlamentar publicou o registro de uma conversa com seu irmão, na qual ele mostra uma foto do Sistema Eletrônico de Informação (SEI) do Ministério da Saúde com a mensagem “Usuário não possui permissões nesse sistema”. “Me bloqueadaram no SEI”, disse Luis Ricardo ao irmão, que respondeu que isso é “ilegal”.
Mais tarde, em um vídeo, o parlamentar reforçou a denúncia:
— Nós não sabemos o que esse grupo fez por trás do sistema para impedir seu acesso, o que estão fazendo lá dentro e por que impedir que ele tenha acesso a documentos tão importantes no meio de uma investigação como essa, onde ele é testemunha de uma denúncia gravíssima de possível corrupção dentro do Ministério da Saúde e talvez ocultada pelo Palácio do Planalto — disse Miranda no vídeo.
O Ministério da Saúde foi procurado para comentar, mas ainda não retornou.
O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), informou que vai apresentar nesta segunda-feira um requerimento para que a comissão investigue o impedimento do acesso do servidor ao sistema da pasta.
Na sexta-feira, os dois irmãos foram ouvidos na CPI para falar sobre as suspeitas envolvendo a Covaxin. Os dois relataram que levaram as informações para o presidente Jair Bolsonaro em março e que, ao ouvir sobre o caso, Bolsonaro citou o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR).
“Aos defensores de bandidos, meu irmão acaba de descobrir que bloquearam ele do sistema do @minsaude, vale ressaltar que ele é funcionário de carreira! Isso é ilegal, perseguição e só comprova que eles tem muito para esconder…”, escreveu Miranda em sua conta no Twitter.
Como o GLOBO mostrou, um dos documentos apresentado por Luis Ricardo para embasar as suspeitas, que teve sua autenticidade contestada pelo Palácio do Planalto, está disponível no SEI do Ministério da Saúde.
O MPF identificou indícios de crime na compra feita pelo Ministério da Saúde de 20 milhões de doses da Covaxin e vai investigar o caso também na esfera criminal — até então, ele vinha sendo apurado em um inquérito na área cível. A dose da vacina negociada pelo governo é a mais cara entre todas as que foram contratadas pelo Ministério da Saúde, e o processo de aquisição do imunizante foi o mais célere de todos.