Marina Silva faz balanço da gestão Ricardo Salles no Meio Ambiente: “demolidora”

Demolidora. Assim foi a passagem de Ricardo Salles pelo Ministério do Meio Ambiente, na visão da ex-ministra Marina Silva (Rede). Em entrevista à Globo News na última quinta-feira (24), a acreana avaliou de forma muito negativa a gestão do colega, que, segundo ela, inaugura uma nova fase na pasta.

“Nós somos nove ex-ministros de Meio Ambiente e ele vai ser o primeiro ministro anti-ambientalista da história do Brasil. E eu espero que seja o último”, afirmou a também ex-senadora pelo PT.

Salles foi demitido na quarta-feira (23) pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para evitar que as investigações contra o agora ex-ministro respingue no Palácio do Planalto. Ele é investigado por suposta participação em esquema de contrabando ilegal de madeira. Eu seu lugar, assumiu Joaquim Álvaro Pereira Leite.

Para Marina Silva, tida por muitos como uma das maiores ministras da pasta, a passagem de Salles foi mais que retrocesso. “Foi um verdadeiro desmonte de toda a governança ambiental brasileira, enfraquecendo e desarticulando o sistema nacional de meio ambientes. Instituições como Ibama, ICMBio e Inpe foram completamente enfraquecidas e seus funcionários e dirigentes sérios completamente perseguidos”.

Ela denunciou ainda tentativas de desmoralização de servidores e cortes no orçamento do ministério e das instituições de gestão, fiscalização e monitoramento, além da desarticulação de parcerias “positivas” com comunidade científica e movimentos ambientalistas para dar lugar a acordos com ruralistas “retrógrados”, madeireiros, garimpeiros e segmentos “nefastos” para o meio ambiente.

“Além do prejuízo pra governança, o aumento da violência, da destruição das florestas, do Pantanal, ele também criou prejuízos muito graves para o Brasil do ponto de vista da política externa, porque hoje nós não finalizamos o acordo com o Mercosul, o Brasil não entra na OCDE e ainda por cima nós temos uma situação em que o Brasil virou um párea ambiental e por isso os investidores não querem investir no Brasil e contratos sendo rompidos ou ameaçados de serem rompidos”.

Na quinta, Marina também assinou um artigo no jornal O Globo intitulado “Sai o operador, fica o mandante”, em que atribui ao presidente da República toda a política ambiental praticada por Salles.

“Bolsonaro quer que a Amazônia seja ocupada e explorada sem nenhum tipo de controle, regras ou fiscalização e sem nenhum tipo de respeito aos povos originários que ali vivem há séculos. Por isso, não importa quem é o novo operador escolhido. A meta de Bolsonaro é trocar seis por meia dúzia, como fez na Saúde, com Pazuello e Queiroga”, diz trecho do artigo.

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