“Aos olhos humanos, a gente olhando pra ele, realmente ele já tava morto”. Essa era a impressão que Dóres Motta, de 52 anos, tinha ao ver o filho caçula intubado em um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
Tudo começou há 65 dias, quando Michael Jones, de 14 anos, deu entrada no hospital de Pimenteiras do Oeste (RO) com muita dor na barriga. Após uma série de exames, o resultado: hepatopatia grave.
“Acordei bem e até fui para escola. Voltei e enquanto aguardava para comermos, eu esperava no sofá e estava sentindo uma dorzinha, mas não falei nada. Sentei para almoçar, foi quando comecei a sentir a dor forte e ela foi aumentando. Depois comecei a ficar enjoado e não consegui comer. Foi quando falei pros meus pais que ia deitar um pouco e dormi. Quando acordei ainda estava com dor e foi quando meus pais decidiram me levar ao hospital”, lembra Michael.
Segundo a mãe, o garoto nunca havia apresentado indícios da doença e tudo aconteceu de forma muito inesperada. Logo após ser analisado em Pimenteiras, ele foi transferido para o Hospital de Urgência e Emergência Regional de Cacoal (Heuro).
26 dias se passaram e Michael não melhorou. O corpo começou a ficar muito inchado e debilitado e ele teve que passar por uma nova transferência, desta vez para o Hospital de Base Ary Pinheiro, em Porto Velho. Foi lá que a família conheceu o Dr. Leonardo Toledo, médico responsável pelo diagnóstico e agilidade no tratamento de Michael.
Depois de uma consulta e mais exames, o médico concluiu que um transplante de fígado seria indispensável, principalmente depois da piora do quadro clínico.
“Lá no Hospital Regional ele já começou a entrar no processo crítico e quando chegou em Porto Velho, ele chegou de vez em um estágio fulminante”, conta a mãe.
Como em Rondônia não há especialistas em transplante de fígado, Michael precisava ser transferido para São Paulo urgentemente. No entanto, com o quadro instável, ele precisou passar um dia e meio na UTI antes da viagem.
“Ele tava muito inchado, intubado e pra mim foi uma cena muito chocante. Eu segurei na mão dele muito inchada e falei com ele: ‘meu filho, mamãe tá aqui. eu preciso que você saia dessa porque eu, seus irmãos e seu pai estamos te esperando’”, a mãe relembra com a voz embargada.
Dóres conta que os médicos chegaram a falar que a qualquer momento, seu filho poderia ir a óbito, e ela chorava escondida pedindo a Deus que tudo aquilo passasse. “Uma mãe ouvir isso foi pior do que eu acho que qualquer dor que você possa imaginar na vida”.
Michael foi conduzido de UTI aérea para São Paulo, com a ajuda do Governo de Rondônia. Foram quase oito horas de viagem e caso apresentasse algum problema, eles teriam que descer imediatamente em qualquer cidade.
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