Prefeitura de Porto Velho cancela carta de crédito para compra de vacinas da AstraZeneca

A prefeitura de Porto Velho cancelou a carta de crédito que havia sido emitida no início deste ano para a compra de 400 mil doses da vacina AstraZeneca, segundo informou à CBN Amazônia nesta terça-feira (8).

A decisão foi informada pouco mais de um mês após uma operação da Polícia Civil que investigava uma empresa suspeita de aplicar golpes com a oferta de vacinas contra a Covid-19 que nunca seria entregues. Essas doses estariam sendo negociadas com 20 municípios, incluindo Porto Velho.

Segundo o contrato firmado com a empresa investigada, R$ 20 milhões seriam pagos pelas doses. A Secretaria Geral de Governo salientou que esse cancelamento não causou prejuízo financeiro ao município e que a modalidade de pagamento com carta de crédito foi escolhida por não colocar em risco o erário municipal.

A compra das vacinas

 

A prefeitura de Porto Velho anunciou no dia 12 de março compra de 400 mil doses da vacina contra a Covid-19. As doses teriam sido vendidas por um representante comercial da AstraZeneca no Brasil no valor de U$$ 7,90, cada, e seriam entregues dia 15 de maio.

Ao todo, R$ 20 milhões seriam investidos na compra das vacinas, sendo R$ 16 milhões com recursos próprios da Prefeitura, e o restante de emenda parlamentar da bancada federal.

Na época, o prefeito Hildon Chaves anunciou que estava conversando com a Sputnik e com os supostos representantes da AstraZeneca, e que optou por comprar a vacina inglesa por estar em um processo negociação mais avançado.

Em abril, Hildon também afirmou que um dos motivos que o levou a decidir pela AstraZeneca foi o fato da Sputnik não ter sido liberada no Brasil na época.

 

Operação Sine Die

 

Uma empresa que negociava doses da vacina de Oxford/AstraZeneca com pelo menos 20 prefeituras foi alvo de investigação pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por golpes. De acordo com a delegacia responsável pelo caso, a Montserrat Consultoria dizia ter um lote de meio bilhão de doses do imunizante, a US$ 7,90 (R$ 44) cada uma — mas que jamais seriam entregues.

Segundo as investigações, os suspeitos se passavam por representantes da empresa americana Ecosafe Solutions e diziam ter doses disponíveis da vacina. No entanto, o laboratório AstraZeneca informou que todas as doses em produção estão destinadas a consórcios internacionais, como o Covax Facility, e contratos com países. Não há doses remanescentes para serem comercializadas.

Oito mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Pernambuco, expedidos pelo juiz Bruno Monteiro Ruliere, da 1ª Vara Criminal Especializada do RJ, na Operação Sine Die — sem data, em latim.

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