Integrante do grupo de 11 presidentes de partidos que, nesse final de semana, se posicionaram contra a impressão do voto, o presidente do PSD, Gilberto Kassab, afirmou nesta segunda-feira (28), em entrevista à GloboNews, que a proposta tem como objetivo “questionar” a eleição de 2022.
“Eu não tenho nenhum constrangimento em dizer que eu estou muito preocupado, e a minha experiência me diz que: o cheiro não é bom”, declarou. “Então, vamos trabalhar para que aqueles que, eventualmente, venham a estar armando para questionar as eleições, para criar tumulto, não sejam bem-sucedidos nos seus objetivos.”
Comissão especial da Câmara dos Deputados analisa a tramitação de uma Proposta de Emenda à Constituição que prevê a impressão do voto do eleitor, após a digitalização dos números dos candidatos na urna eletrônica.
O relator da matéria, Filipe Barros (PSL-PR), deve apresentar nesta segunda-feira o seu relatório sobre o tema. Além da possibilidade de quebra do sigilo do voto, algo que pode gerar debate sobre a constitucionalidade da medida, a PEC pode trazer um custo bilionário para os cofres públicos e é considerada um retrocesso, uma vez que as urnas eletrônicas já são auditáveis, inclusive em processos dos quais participam os partidos.
A retórica contra as urnas, no entanto, tem sido defendida por aliados do presidente Jair Bolsonaro, que já disse mais de uma vez que as eleições de 2018 foram fraudadas – nunca apresentou provas e recentemente foi alvo de um pedido de esclarecimentos a respeito do tema pelo corregedor do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Felipe Salomão.
Como resposta à tentativa de criar dúvidas sobre o sistema eleitoral – que, na visão dos presidentes dos partidos, busca colocar em dúvida a própria eleição e o sistema democrático -, presidentes de partidos se reuniram com o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e o ministro do STF Alexandre de Moraes, o próximo a assumir a presidência da Corte eleitoral, com o objetivo de evitar um retrocesso na matéria.
Desse encontro, surgiu a ideia do posicionamento dos 11 – posicionamento que torna mais difícil a aprovação da matéria, apesar da posição favorável à apreciação do tema pelo presidente da Câmara, Arthur Lira.
Kassab, que já foi aliado de Lula, Dilma e Temer, também falou sobre a situação do governo atual, após o avanço das investigações da CPI:
“A minha impressão é que a situação do governo estará pior ainda, melhorar não vai.”
Ele defende uma candidatura de centro, para fazer frente a Bolsonaro e ao ex-presidente Lula. O principal nome no radar de Kassab é o do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, hoje no DEM.
Confira a entrevista completa de Kassab no G1, clicando AQUI.