Durante dois anos a Rede de Observatórios da Violência monitorou cerca de 31,3 mil dados apurados na imprensa, em redes sociais e fontes da sociedade civil organizada dos estados da Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo, divididos em 16 indicadores de segurança pública e violência.
Em quase 60% dos casos, segundo o estudo, a violência acontece em ações policiais. Foram cerca de 18 mil eventos violentos registrados entre maio de 2019 e junho de 2021. O número de mortos em operações policiais no período nesses estados chegou a 2.130, além de 1.615 feridos.
No Rio de Janeiro, mesmo com a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de suspender as operações sem justificativa durante a pandemia da Covid-19, foram assassinadas 827 pessoas em ações policiais e outras 727 ficaram feridas.
O levantamento também mostra o número de policiais vítimas de violência nos últimos dois anos. Foram 901 mortes e em 719 casos, cerca de 79,8%, não tinha identificação de raça/cor. Dos cerca de 20% de casos com dados raciais das vítimas, 83 eram negras e 99 eram brancas.
Nos primeiros cinco meses de 2021, houve aumento generalizado no número de casos de violência monitorados pela Rede. O número de ações de policiamento cresceu 13%, de 6% nos eventos envolvendo armas de fogo e aumento de 26% no número de casos de violência contra a mulher e feminicídios. Pernambuco foi o estado que registrou o maior aumento de casos (77%), seguido de São Paulo (39%) e Rio de Janeiro (23%).
“Depois de dois anos operando em cinco estados, amadurecendo o trabalho e nossa metodologia, entendendo que as questões estruturais do racismo, do machismo e também de classe, a base da herança colonial do Brasil, recortam todos os 16 indicadores que monitoramos”, diz um trecho do estudo.