A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia começará a sua 11ª semana de trabalho com sessão na terça-feira (13).
As reuniões serão retomadas após o técnico da divisão de importação do Ministério da Saúde William Amorim Santana ter afirmado na sexta-feira (9) que, apesar das seguidas solicitações de alterações de erros encontrados nas invoices (faturas) enviadas pela Precisa Medicamentos ao ministério, a empresa deixou de corrigir erros como a forma de pagamento antecipada e a presença da empresa Madison Biotech — ambos aspectos não presentes no contrato original.
Ao longo do depoimento, o técnico da divisão de importação afirmou que é comum ter erros em invoices enviadas ao seu setor, mas que esse caso “apresentava mais erros do que a média normal”.
Na quarta-feira (14), é possível que a CPI escute o reverendo Amilton Gomes de Paula que, em março deste ano, recebeu aval do ministério da Saúde para comprar 400 milhões de doses da vacina da AstraZeneca em nome do governo brasileiro.
O vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que o valor das vacinas negociadas pelo reverendo era de US$ 17,50. “Três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano. O valor também é bem maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde na mesma negociação de 400 milhões de doses. Ele informou que o valor da vacina vendida era de US$ 3,50”, argumenta o parlamentar, citando informações obtidas pela CNN.
O reverendo diz, no entanto, que “foi usado” e chama representantes da Davati de “picaretas”. Em entrevista à CNN, Paula afirmou que já tirou fotos com Flávio Bolsonaro em evento em Brasília e já “cumprimentou” o deputado Hélio Lopes, que é muito amigo do presidente. Mas sustenta que não tem relação com o senador, nunca esteve com Jair Bolsonaro, nem tem conexões políticas.
Segundo Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Paula teria enviado proposta de venda de vacina ao ministério em nome de uma entidade não-governamental chamada Secretaria Nacional de Assistência Humanitária (Senah).
Dias acabou sendo preso na última quarta (7), ao ser ouvido pela CPI. No dia, os áudios e mensagens revelados pela CNN foram exibidos na CPI e colocaram em xeque a versão de Dias de que o encontro no qual o atravessador da Davati afirma ter recebido um pedido de propina foi
Randolfe também afirmou que a CPI deve ouvir, nos próximos dias, o coronel Marcelo Blanco, ex-diretor-substituto de Logística do Ministério da Saúde, e José Ricardo Santana, ex-diretor da Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com o vice-presidente, ambos teriam participado da reunião em um restaurante sobre venda de vacinas. A presença deles foi citada tanto por Dias quanto por Dominguetti.